Redação
Mesmo com o fim da pandemia longe do horizonte, o governo Bolsonaro pretende reduzir o auxílio-emergencial à metade até o final do ano para então simplesmente acabar com o benefício. A fim de manter a popularidade conquistada com a medida, e pavimentar o caminho rumo à reeleição, estuda substituir o benefício por uma versão “turbinada” do Bolsa Família que, além de ter menos da metade do valor do atual auxílio, vai abranger uma parcela minoritária da população que hoje sobrevive a duras penas com os R$ 600.
Além de reduzir à metade o auxílio e tirar esse direito de milhões de pobres e desempregados num momento de crise econômica e explosão do desemprego, agravados pela pandemia, o governo vai enviar a conta para os pobres, os trabalhadores assalariados e a classe média. O “Renda Brasil”, nome do programa que substituiria o Bolsa Família a partir de janeiro de 2021, seria financiado pelo fim do abono salarial pago a quem ganha até dois salários mínimos, o fim do Farmácia Popular que atende hoje 21 milhões de pessoas (principalmente pessoas com doenças crônicas como diabetes e hipertensão) e o fim do seguro-defeso pago a quem sobrevive da pesca nos períodos de reprodução dos peixes. A conta também deve ir para boa parcela da classe média através do fim das deduções dos gastos com saúde e educação no Imposto de Renda.
O novo programa deveria ter sido anunciado na última terça-feira, 25, mas o governo adiou seu lançamento para bater o martelo de onde virão os recursos para sustentá-lo. As opções colocadas na mesa por Paulo Guedes, invariavelmemnte, jogam o custo nas costas dos mais pobres, dos trabalhadores assalariados e da classe média. O que o governo pretende anunciar como um benefício aos mais pobres e miseráveis é, na verdade, um brutal ataque aos setores mais pauperizados da classe trabalhadora, assim como aos assalariados e à classe média menos abastada.
45 milhões à própria sorte
Pelas informações que estão sendo espalhadas na imprensa, muito provavelmente por fontes oficiais a fim de “testar” as propostas, o “Renda Brasil” deve subsitituir o Bolsa Família, “elevando” seu benefício médio de R$ 190 para R$ 247 e incorporando 6 milhões de famílias, passando dos atuais 14 para 20 milhões de beneficiários. Vai significar, no entanto, uma brutal perda de renda a quem já recebia o Bolsa Família e passou a contar com o auxílio-emergencial nos últimos meses, jogando as 45 milhões de pessoas restantes que estão sobrevivendo por meio do auxílio à própria sorte. São milhões de desempregados, precarizados e informais que estão sem ter como trabalhar durante a pandemia.
Desde o início da pandemia, mais de 10 milhões de trabalhadores viram seus postos de trabalho virarem pó e, pela primeira vez a população desocupada superou a ocupada. Situação da qual Bolsonaro e a sua política genocida são diretamente responsáveis.
Atualização
Nesta quinta-feira, diante da repercussão extremamente negativa das propostas, Bolsonaro anunciou a suspensão do “Renda Brasil”. Reafirmou, contudo a redução do auxílio-emergencial.