Fotos e vídeos: CAELL/Divulgação

Os estudantes do curso de Letras da Universidade de São Paulo (USP) tinham aprovado greve estudantil pela contratação de professores. A paralisação iria iniciar amanhã, dia 19. Mas o movimento foi antecipado para o dia de hoje (18) devido a uma medida autoritária da direção da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e da reitoria.

A Letras tinha uma greve marcada para amanhã, como parte da luta em defesa da contratação dos professores necessários para a existência do curso. Em resposta, a direção mandou trancar os estudantes para fora do prédio hoje, no início da noite, para impedir que pudessem realizar a greve. Em resposta a essa medida autoritária, decidimos ocupar o prédio da Letras e da direção da FFLCH. A greve iniciou”, afirma Mandi Coelho, ativista do Coletivo Rebeldia e coordenadora do Centro Acadêmico de Estudos Linguísticos e Literários “Oswald de Andrade” – CAELL.

Estamos solicitando o apoio à luta dos estudantes da USP. Chamamos um chamado ao conjunto dos estudantes da USP, aos professores e técnicos-administrativos a construirmos uma greve unificada. É uma luta justa, por melhores condições de ensino-aprendizagem e pela existência do curso de Letras. A reitoria, ao invés de atender as nossas reivindicações, chama a polícia para o campus universitário. Não vamos recuar. A nossa luta vai seguir”, enfatiza a coordenadora do CAELL.

Reivindicações

Há meses os estudantes de Letras da USP estão mobilizados pela contratação de professores. “Já realizamos várias atividades como paralisações e audiência pública na Alesp para chamar atenção para a precária situação que passa o curso de Letras na USP. Mas até o momento, a Reitoria não resolveu os problemas. Estamos sentindo cada vez mais o impacto da falta de contratação de novos docentes”, pontua Luiza Arantes, também coordenadora do CAELL.

 Ela destaca que a habilitação em Coreano não ofertará vagas em 2024: “Devido à falta de professores, já foi informado que não serão ofertadas as vagas da habilitação em Coreano ano que vem. A situação é crítica e algumas habilitações de fato correm o risco de fechar. A habitação Japonês também passa por uma situação crítica. Semestre passado, não conseguiram atender todas as turmas do Espanhol. Isso é um absurdo. Estamos falando da universidade que recentemente foi eleita a melhor da América Latina”.

Dossiê

O CAELL elaborou um dossiê para apontar os problemas do curso. Os dados, coletados a partir de documentos da própria universidade, mostram que:

— A habilitação em Italiano contava com 13 docentes em 2014 e apenas 9, em 2022, redução de 30%;
— A habilitação em Espanhol contava com 16 docentes em 2014 e 12, em 2022, redução de 25%;
— A habilitação em Alemão contava com 13 docentes em 2014 e apenas 7, em 2022, redução de 46%.

De acordo com Mandi Coelho, “o objetivo do dossiê é sistematizar, documentar e expor o nível de desmonte do maior curso da Universidade de São Paulo”. Para ela, o documento “mostra o descaso do governo Paulista e da Reitoria com o curso de Letras. Esse descaso está nos levando a uma situação de colapso“.

E, completa: “Esta situação que acontece na Letras também é vivenciada em outros cursos. Por isso, a movimentação que iniciamos no curso de Letras será espalhada para os demais. Esse desmonte é parte de um projeto neoliberal de educação que vem sendo aplicada pelo governador Tarcísio de Freitas no estado de São Paulo e pelo governo Lula, nacionalmente. O petista segue com o projeto do Novo Ensino Médio aprovado pelo governo corrupto e reacionário de Bolsonaro. Basta”, finalizou a estudante.

O dossiê elaborado pelo CAELL está disponível no link