Soraya Misleh, de São Paulo

O que é sionismo?

O sionismo é um movimento político. Surgiu no fim do século XIX. Seu fundador é o jornalista judeu áustro-húngaro Theodor Herzl. Ele defendia que o problema da discriminação dos judeus só seria resolvido se os judeus tivessem um Estado exclusivo. Entre as propostas de locais para a colonização estavam Argentina, Uganda ou Palestina.

Herzl e a Organização Sionista mundial (OSM) trataram de procurar os dirigentes das potências imperialistas. Em 2 de novembro de 1917, o imperialismo britânico se comprometeu a permitir a instalação de um Lar Nacional Judeu no território da Palestina. Ou seja, assumiu o compromisso da autoridade colonial inglesa de permitir que a Palestina, agora colonizada por eles, fosse utilizada pelos sionistas para instalar novos colonos judeus lá. Mas isso só seria possível expulsando a população palestina existente. O sionismo pregava uma “muralha de ferro” entre judeus e os árabes habitantes da Palestina, e nenhuma “mistura de sangue” entre eles.  Israel deveria ser um estado abertamente racista, exclusivamente dos judeus. O historiador israelense Avi Shlaim revela isso em seu livro “A muralha de ferro – Israel e o mundo árabe” (Editora Fissus, 2004). Outro historiador israelense, Ilan Pappé, mostra que Israel se assentou na colonização, racismo e limpeza ética, massacrando os palestinos e destruindo suas aldeias e cidades (“A limpeza étnica da Palestina”, Editora Sundermann).

O que é antissionismo?

É se opor ao projeto político colonial sionista e sua limpeza étnica, racismo e apartheid – como reconhecido até mesmo pelas organizações israelenses de direitos humanos BT’Selem e internacionais Anistia Internacional e Human Rights Watch. É se opor aos crimes contra a humanidade cometidos por Israel. A causa palestina sintetiza as lutas contra a opressão e exploração em qualquer parte do mundo, é a causa por libertação nacional do jugo do colonizador. O que há de racista nisso? Nada. Se você é a favor de lutas contra isso, você é antissionista.

Criticar Israel é preconceito contra os judeus?

O Estado de Israel é produto de uma iniciativa imperialista para estabelecer uma fortaleza, com armas nucleares, em uma região com as maiores jazidas de petróleo do mundo. Mas qualquer um que critique Israel será chamado de antissemita (preconceito aos semitas, entre os quais judeus) pelos seus defensores. Mas isso é uma mentira deslavada. A maior prova disso é que existem milhares de judeus mundo afora que criticam Israel e o sionismo. Exemplo é a organização “Vozes judaicas pela paz”, que ocupou no último dia 18 de outubro o Capitólio, o  Congresso dos EUA, para exigir cessar-fogo. Milhares de manifestantes de origem judaica vêm se somando à exigência de fim dos bombardeios a Gaza em manifestações pelo mundo. Na verdade, críticas a Israel são contra seu projeto de dominação colonial sionista sobre os palestinos. “A violência do Hamas aos israelenses não foi por serem judeus, mas por serem colonos protegidos por um Estado que oprime e subjuga os palestinos pelo fato de serem palestinos”, explicou no Tuíter Bruno Huberman, judeu antissionista, professor de relações internacionais da PUC-SP.

Os palestinos são terroristas?

A ousadia e a importância política da ação do Hamas fizeram que a imprensa burguesa apresentasse os palestinos como “terroristas” e a reação de Israel como “legítima defesa”. Mas qualquer povo sob ocupação tem o direito de resistir a ela, com o uso de todos os meios, inclusive a resistência armada. A Palestina já está ocupada há mais de 75 anos, numa Nakba contínua, o que é para os palestinos um confronto militar permanente. Qualquer ação dos palestinos é de defesa e de resistência contra a ocupação. É uma ação de qualquer povo que procura viver livremente, de forma digna e pelo direito de retornar para sua terra. No passado, outros se enfrentaram contra o colonialismo e foram chamados de “terroristas”. O povo da Argélia na luta contra a dominação colonial da França nos anos 1960; o povo do Vietnã que lutava contra a invasão dos EUA; o povo negro da África do Sul e seus lideres como Nelson Mandela e Steve Biko, que lutaram contra o apartheid. A história já provou: terrorista é o imperialismo e seus aliados carniceiros como o Estado de Israel!

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