Ana Pagu, de São Paulo (SP)

A direção do Metrô de São Paulo, a mando do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), suspendeu um metroviário e demitiu outros oito, num ato antissindical, abusivo e arbitrário contra os trabalhadores. Antes disso, a direção da empresa tentou aplicar advertências em mais de 70 trabalhadores e trabalhadoras, o que encontrou resistência da categoria.

O objetivo do governador é retaliar quem enfrentou seu projeto de privatizações na greve do dia 3 de outubro, que parou São Paulo e contou com apoio da maioria da população. Com isso, Tarcísio quer tentar intimidar trabalhadores do Metrô, da Sabesp e da CPTM (trens), deixando entender que não aceitará novas mobilizações.

Resposta é mais luta

Mas o tiro vai sair pela culatra, porque, enquanto fechamos esta edição, a diretoria do Sindicato dos Metroviários já estava convocando a categoria para uma assembleia, com o objetivo de construir uma nova greve. Mas, agora, não só contra as privatizações, como também contra as punições e pela reintegração dos demitidos. E, ainda, estavam conclamando que todos os lutadores se somem à luta, em particular os trabalhadores da CPTM, da Sabesp e demais setores que enfrentam os ataques do governo.

Ataque a todos os trabalhadores

Entre os demitidos estão o vice-presidente do sindicato, Narciso Soares, e o membro do sindicato e dirigente da CSP-Conlutas, Altino Prazeres. Ambos são militantes do PSTU, trabalham há anos na categoria e são lutadores em defesa do transporte público e da qualidade dos serviços para a classe trabalhadora.

“O Tarcísio quer destruir a resistência dos trabalhadores do Metrô, da Sabesp e da CPTM, pra entregar as empresas para os grandes empresários. Essa punição foi feita para intimidar quem realizou greve contra esse projeto. A resposta que nós vamos dar ao governador é uma greve ainda maior, mais forte e com mais apoio popular contra as privatizações, mas também para reverter o processo de demissões”, explica Narciso.

Já para Altino, “as demissões são um ataque contra todos os trabalhadores e trabalhadoras do Metrô, mas também contra o povo de São Paulo, que vai ter o serviço piorado e as tarifas aumentadas com as privatizações. A única preocupação do governador é atender os grandes bilionários e, para isso, ele vai tentar passar por cima de qualquer um. Mas, os metroviários estão preparados para enfrentar esse governador privatista com luta”.

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Campanhas

Plebiscito sobre a privatização e pelo direito de lutar

Esta não é só uma luta das categorias. É uma batalha política pelo direito de greve e para onde vai o dinheiro público: para políticas públicas, que atendam os trabalhadores e o povo pobre; ou para o bolso dos bilionários, através das privatizações.

Sindicatos e movimentos sociais de São Paulo há mais de um mês estão realizando um plebiscito, que já teve a participação de dezenas de milhares de pessoas e se encerra no próximo dia 5 de novembro. Tarcísio se recusou a convocar um plebiscito oficial, porque não quer ouvir a população. Mas, teve de atestar o apoio popular à greve do dia 3 de outubro e foi desmentido sobre a eficiência da privatização, com mais uma falha na linha privatizada da CPTM.  

A campanha para que a ampla maioria da população decida sobre a privatização, através de um plebiscito, agora se soma à campanha pelo direito de lutar. Ou seja, para que ninguém seja demitido do trabalho por lutar em defesa dos serviços públicos estatais.  

– Readmissão dos metroviários demitidos, já!  

– Quem luta contra a privatização não pode receber punição!  

– Todo apoio à luta dos trabalhadores do Metrô, da Sabesp e da CPTM! 

– Não ao plano de privatizações de Tarcísio!

São Paulo 

Professores fazem paralisação contra ataques à Educação e as privatizações

No ultimo dia 20 de outubro, professores e professoras de São Paulo realizaram uma forte paralisação e manifestação contra os ataques de Tarcísio à Educação.

O governador encaminhou à Assembleia Legislativa do estado um projeto que reduz de 30% para 25% o gasto anual do estado com o setor. Isso pode significar até quase R$ 10 bilhões a menos no orçamento anual da Educação. Esse valor é equivalente aos orçamentos anuais, somados, da USP e da Unicamp, e seria suficiente para construir mais de 1.900 escolas para até mil alunos. 

Trata-se de um grande ataque, que acontece em um momento em que vários direitos dos professores e professoras da rede estadual de ensino também estão sendo postos em xeque pelo governador e em que os estudantes da USP protagonizam uma das maiores e mais fortes greves já ocorridas na universidade, contra sua precarização e desmonte. 

Para a professora Flávia Bischain, Coordenadora da Subsede Oeste-Lapa da Apeoesp e militante do PSTU, “a greve foi muito forte”. Para ela, agora, é preciso unificar a luta dos professores com a luta dos trabalhadores do Metrô, da CPTM e da Sabesp, porque todos têm um mesmo inimigo: Tarcísio e o seu projeto de entregar São Paulo para os bilionários. 

“Ao mesmo tempo que enfrentamos Tarcísio, aqui, temos que enfrentar os cortes de Lula, no orçamento da Educação, e exigir a anulação do acordo com a MegaEdu, da Fundação Lemann, para controlar parte do orçamento do Ministério da Educação (MEC), além da revogação integral do Novo Ensino Médio, porque reformar a reforma não resolve”, explicou Flávia.