PSTU-Curitiba

Mais um caso “isolado” de racismo em Curitiba. No dia 13 de outubro, um funcionário de um posto de combustível foi alvo de falas racistas e xenófobas.

Eu sou empresário! Você vem me tirar? […] Eu pago três vezes mais só para estar aqui te chamando de ‘neguinho’. Nordestino dos inferno! ‘Neguinho, macaco’! Veio do Nordeste para querer ser gente aqui em Curitiba? Volta para o Nordeste”, foi a fala do valentão racista, Marcelo Francisco da Silva, que não se intimidou nem um milímetro, mesmo vendo que estava sendo filmado.

Tal coragem, sem dúvida, brota da impunidade lamentável que há diante desses crimes. Basta ver o racista, livre, leve e solto, saindo da delegacia depois de comparecer para prestar depoimento.

O silêncio do Prefeito Greca e dos reacionários da Câmara de Vereadores

Lamentavelmente, não vemos uma postura, do que seria o mínimo, por parte das autoridades de repudiar e tomar medidas para combater estes crimes. O que também não nos causa espanto, pois o próprio Greca em declaração a Globo News chegou a dizer “Eu discordo da vereadora que aqui haja um racismo estrutural” comentando sobre a eleição da primeira mulher negra para a Câmara de Curitiba.

Já os reacionários da Câmara de Vereadores que causam muito barulho diante das pautas em defesa “da moral e dos bons costumes” se calam diante desses crimes ou tentam amenizar a situação. Basta ver o que disse o vereador Osias Moraes, do Republicanos: “Sou do Norte, sou do Amazonas, sofri também um caso aqui logo quando cheguei na cidade, de um jornalista que claro é contra os nordestinos e pessoas negras. Mas nós temos que ter muito cuidado para não generalizar e sim tratar de fatos.”

Esse tipo de atitude só serve para reforçar o racismo, pois, em última instância, negam sua existência e dizem que são apenas problemas isolados. Acabam assim, legitimando o racismo e negam um grave problema social fruto de mais de 300 anos de escravidão. E, por óbvio, lavam suas mãos em tomar medidas para reparar essa dívida histórica e combater suas sequelas latente no presente.

Essa tentativa de esconder o racismo entranhado na sociedade resulta no genocídio da população preta e pobre das periferias, onde a polícia entra atirando e depois faz as perguntas, na maioria das vezes deixando corpos pelo chão.

Essa gente se cala diante dessa barbárie, mas rugem como leões quando se tenta avançar em iniciativas educativas para discutir racismos nas escolas e demais opressões apresentando projetos como o “escola sem partido” e similares, ou, perseguindo professores que ousam abarcar a educação de uma forma crítica.

Por fim ao racismo passa por enfrentar também o sistema

O racismo, assim como as demais opressões, como o machismo e a LGBTfobia, estão entranhados na nossa sociedade, pois é altamente funcional para esse sistema- O capitalismo. O qual funciona para obter o maior lucro possível, ou seja, explorar ao máximo os trabalhadores. As opressões servem ao sistema pois divide os trabalhadores e relega aos setores oprimidos, os piores postos de trabalho, permitindo uma super exploração.

Portanto, não podemos ter ilusões nos governos de plantão, que estão para administrar este sistema e não para tomarem medidas que realmente vão enfrentar esses problemas. Basta ver que foi no governo Lula que foi aprovado a lei antidrogas, que delegou para os policiais e os juízes determinarem quem é usuário e traficante, fazendo explodir a população carcerária. Ou podemos olhar hoje para o estado da Bahia, governada pelo PT, que lidera o ranking de mortes violentas.

A luta contra o racismo tem que ser combinada com a luta contra o capitalismo. E para isso é preciso ter independência de classe, não é possível ser consequente com essa luta, apoiando e defendendo o governo Lula/Alckmin que se abraça com a burguesia e faz aliança com a direita em nome da governabilidade como a maioria do movimento negro.

Como já dizia Malcolm X :“não existe capitalismo sem racismo”

Toda nossa solidariedade aos trabalhadores negros e nordestinos!

Chega de racismo e xenofobia!

Prisão imediata dos racistas!