Israel Luz, de São Paulo (SP)
Diz muito sobre o sistema atual que o protesto do dia 6 de outubro contra a privatização do sistema prisional, convocado por vários movimentos sociais, sindicais e partidos, tenha tido a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) como cenário.
Nesse símbolo capitalista, o governo Lula-Alckmin e o governo tucano de Eduardo Leite entregaram a construção e gestão do futuro presídio de Erechim (RS) à Soluções – Serviços Terceirizados, uma empresa, com sede em São Paulo, que tem no histórico ao menos uma punição, no Rio de Janeiro, por fornecer comida estragada para um presídio.
O BNDES emprestou R$ 150 milhões para o governo gaúcho aportar às obras. E o governo petista é avalista do estado. Ou seja, paga às empresas privadas caso esse não possa.
Presídios privatizados não são novidade: já há cerca de 30 no país. Mas Alckmin assinou, no início de 2023, uma mudança na lei que facilita o crédito a interessados em Parcerias Público-Privadas no sistema prisional.
Isso significa tornar a vida da juventude periférica em mercadoria. É uma política racista, que se soma ao enorme aparato genocida do Estado capitalista no Brasil. Não que os presídios públicos sejam alternativas. É preciso discutir, a fundo, que o sistema que prende em massa tem raízes nesta sociedade fundada na exploração e opressão.
Agora, é urgente seguir na construção de um campo de raça e classe independente. Somente sem as mãos amarradas aos governos de plantão é possível ser consequente nesta luta. Essa unidade, sim, interessa à classe trabalhadora e ao povo.