Cartazes reivindicam também o fim do Reuni e das fundações
Valter Campanato / ABr

O reitor da Universidade de Brasília, Timothy Mulholland, pediu afastamento do cargo por 60 dias, na manhã desta quinta-feira, 10. O reitor é acusado de utilizar verbas destinadas à pesquisa para gastos pessoais e na compra de mobília de luxo para seu apartamento funcional. O pedido de afastamento ocorre a uma semana da ocupação da reitoria da universidade, iniciada no dia 3 de abril.

No dia 9, o reitor foi acusado pelo Ministério Público de improbidade administrativa. A ação do MP se baseia em depoimento da decoradora contratada pelo reitor para mobiliar seu apartamento. A decoradora afirmou que o reitor e sua mulher discutiram a mobília do imóvel, uma cobertura de luxo de 400 metros quadrados. Mulholland negou participação no uso de R$ 470 mil de um fundo de desenvolvimento institucional da universidade para a mobília de seu apartamento.

O desvio de recursos da universidade para pagar o luxo da reitoria causou indignação entre os estudantes, que amargam falta de professores, de bolsas e moradia. O escândalo mostra, sobretudo, o papel das fundações privadas nas instituições públicas que, além de avançarem na privatização do ensino público, abrem brecha para todo tipo de corrupção.

Ocupação prossegue
Apesar de o afastamento mostrar a força e repercussão nacional do movimento de ocupação, os estudantes só desocupam a reitoria da universidade com a saída definitiva do reitor. Com o afastamento de Mulholland assume seu vice, Edgar Miamya. Os estudantes ocupados reivindicam, além da saída do reitor e de seu vice, a dissolução do Conselho Diretor, com a imediata convocação de eleições diretas e paritárias. Além disso, exigem a realização de eleições paritárias para todos os cargos eletivos da universidade e na composição de todas as instâncias deliberativas da UnB.

Em assembléia realizada no dia 9, os estudantes aprovaram paralisação na sexta-feira, 11, além de um dia nacional de ocupações de reitorias para a semana que vem.