Sem concessões e enfrentando a censura da grande imprensa, candidatura de Zé Maria foi a única a bater de frente com LulaMais do que nunca, pode-se dizer que o PSTU remou contra a maré. Contra a ideia dominante de que o Brasil está melhorando cada vez mais, a campanha Zé Maria mostrou um país diferente, mais próximo à realidade de milhões de trabalhadores, que convivem cotidianamente com o aumento do ritmo de trabalho e da exploração, com os baixos salários e os serviços públicos precarizados.

O perfil da campanha reforçou inclusive o veto da grande mídia ao PSTU. Se normalmente o partido, assim como os movimentos sociais e populares, já é escondido e estigmatizado na grande imprensa, nessas eleições a candidatura de Zé Maria sofreu uma verdadeira censura velada dos grandes veículos de comunicação.

Da mesma forma, a candidatura do PSTU foi a única a bater de frente com o governo Lula, denunciando seu caráter neoliberal, num momento em que até mesmo os candidatos de esquerda se mostravam intimidados com a alta popularidade do presidente.

No Brasil real mostrado nos parcos 55 segundos do horário eleitoral, estavam também as lutas dos trabalhadores. O PSTU utilizou parte de seu tempo para divulgar as mobilizações dos bancários, metalúrgicos, petroleiros, professores e a dos funcionários dos Correios. A luta dos movimentos sociais e populares também esteve representada, com a divulgação do plebiscito da Terra e da jornada de luta que teve a participação do MTST.

Contra a homofobia e as opressões
Enquanto Dilma, Serra e Marina disputavam, na reta final, o voto conservador, atacando medidas como a descriminalização do aborto, Zé Maria defendeu a campanha inteira o apoio incondicional às mulheres e ao direito ao aborto. Da mesma maneira, foi o único candidato que defendeu explicitamente o casamento gay, enquanto os demais presidenciáveis, inclusive da esquerda, esquivavam-se da questão.

O programa do PSTU sobre o combate às opressões, denunciando o racismo, o assassinato de mulheres e defendendo o casamento gay, causou polêmica ao levar o beijo gay ao horário nobre da TV. “Bem que Glória Perez tentou, mas a primazia de fazer a Globo carioca exbir um beijo gay no horário nobre será parar sempre do PSTU”, chegou a escrever o colunista de O Globo, Xexéo.

Uma campanha operária
A maior diferença entre a campanha de Zé Maria, porém, pôde ser vista em seu caráter operário. Uma campanha que ocorreu, sobretudo, nas bases das categorias, como entre os operários metalúrgicos e da construção civil, professores, funcionalismo público e os estudantes.

Foi o contraponto do PSTU à barreira erguida pela grande imprensa. Além da campanha na base, Zé Maria, junto às candidaturas de Ivan Pinheiro (PCB) e Rui Pimenta (PCO), participou do debate dos candidatos da esquerda socialista mediado pelo jornal Brasil de Fato. Mais que um debate, foi um importante ato contra o veto da grande mídia às candidaturas da esquerda.

Um balanço positivo
Os 84.500 votos em Zé Maria não foram muitos, expressão de uma conjuntura desfavorável e uma esquerda fragmentada, além do boicote midiático. Mas o PSTU ateve importância fundamental nessas eleições, contribuindo para a elevação do nível de consciência dos trabalhadores. E, com certeza, o partido sai delas maior e mais consolidado do que entrou.

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