Renata França, do PSTU e diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá-MG

Imbel quer aplicar a reforma trabalhista, mas trabalhadores respondem à altura em assembleia: Não assinaremos Acordo Coletivo sem a garantia do ticket-alimentação; e prometem que se a Imbel cortar o ticket, a produção vai parar!

A Imbel, empresa estatal de produção de armamento bélico quer, a qualquer custo, implantar a reforma trabalhista, retirando do Acordo Coletivo mais de 20 cláusulas sociais, entre elas o ticket-alimentação, que representa quase 40% do salário da peãozada que recebe o piso.

A empresa, que é controlada pelos militares, tem arrochado o salário dos trabalhadores, impondo reajustes apenas no índice da inflação ou abaixo dela. O salário do chão de fábrica está entre R$ 1250,00 e R$ 1350,00, um dos piores salários de todas as estatais brasileiras. Há quase uma década sem aumento real, a empresa tem “compensado” com benefícios como o ticket-alimentação (R$ 458,00), plano de saúde, abono salarial, etc. Nesta campanha salarial, aproveitando da reforma trabalhista de Temer, a Imbel apresentou uma proposta de retirada de mais de 20 cláusulas que garantem estes direitos no Acordo Coletivo.

A empresa apresentou apenas uma única proposta em todo o período de negociações, abertas desde abril. Os trabalhadores da unidade de Piquete paralisaram a fábrica por 9 dias, numa luta importante, que só foi finalizada pela abertura do dissídio e tentativa de conciliação com a empresa. No entanto, na audiência de conciliação, a Imbel não alterou em nada sua proposta inicial e mantêm a posição de retirar nossos direitos.

Infelizmente, os sindicatos das demais unidades da empresa, filiados à Força Sindical, CUT e CTB assinaram o Acordo Coletivo, rompendo a unidade dos trabalhadores na luta pela garantia do ticket-alimentação e demais cláusulas.

Mas, mesmo com uma pressão grande da empresa sob os trabalhadores, ameaçando o corte do ticket-alimentação e do auxílio creche, os trabalhadores de Itajubá em assembleia no dia 30 de novembro, reafirmaram a posição de não assinar acordo rebaixado e responderam a chantagem da empresa de forma firme: se a Imbel não pagar o ticket-alimentação, não vai ter fuzil!

A luta dos trabalhadores da Imbel é a mesma luta dos trabalhadores de todo país contra os ataques dos patrões e do governo. Não vamos aceitar que roubem os direitos que foram conquistados. Que cortem da dívida pública paga aos banqueiros, da isenção dada aos empresários, mas não dos nossos direitos!

Enquanto o trabalhador da Imbel não sabe se terá o ticket-alimentação para garantir a comida na mesa da sua família, Temer faz um jantar de gala para os deputados corruptos para ganhar votos e aprovar a reforma da Previdência.

A única saída é unificar as lutas dos trabalhadores em todo país. Para acabar com a farra destes corruptos do governo e do Congresso, os debaixo precisam se organizar, sair à luta como estão fazendo os trabalhadores da Imbel, parar este país no dia 5 numa grande greve geral.