Fábio Bosco, de São Paulo (SP)

O objetivo inicial do ditador russo Vladimir Putin era tomar Kiev, a capital da Ucrânia, rapidamente, e impor um governo subordinado aos interesses de Moscou. Desta forma, Putin manteria a Ucrânia sob sua esfera de influência política e a oligarquia russa poderia ampliar seu controle sobre os recursos do país, rico em minerais, produtos industrializados e agrícolas.

Resistência operária e popular

Este objetivo foi impedido pelo amplo envolvimento da classe trabalhadora e do povo ucraniano na defesa de suas famílias, de seus lares e de seu país. Centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras ucranianos se alistaram no Exército regular e nas forças de defesa territoriais, enquanto toda a população tem lhes apoiado na retaguarda, sabotando as forças russas de ocupação.

Apesar do armamento insuficiente e do limitado poderio bélico fornecido pelos Estados Unidos e pela União Europeia, a classe trabalhadora ucraniana impôs uma série de derrotas ao exército russo, principalmente ao redor das duas maiores cidades, Kiev e Kharkiv, e, em menor escala, nas regiões de Donbass,  Zaporizhia e Kherson, áreas tomadas pelo exército russo no início da guerra.

Crise russa

Do lado russo, a situação é inversa. Putin tem muito armamento, com grande poderio bélico, mas o povo russo entende que esta guerra não é sua e, por isso, os jovens têm se recusado a se alistar no Exército, fazendo protestos que têm sido duramente reprimidos e até mesmo fugindo do país. Para se ter uma ideia, calcula-se que cerca de um milhão de russos saíram do país após o anúncio da convocação de reservistas.

Putin enfrenta outras dificuldades. Dentro da Federação Russa e nos países vizinhos vivem mais de 150 nacionalidades oprimidas que, insatisfeitas com a hegemonia de Moscou e os sacrifícios impostos pela guerra, podem se mobilizar se o conflito na Ucrânia se prolongar.

O ditador russo também vive um isolamento internacional, mesmo que parcial; e, a médio prazo, está vendo a perda da renda, no mercado europeu, com o petróleo e o gás. Uma situação que, também, está alimentando a insatisfação dentre a oligarquia russa.

Quem são?

Os falsos aliados da resistência ucraniana

A resistência ucraniana enfrenta o poderio militar russo e, também, as ações de falsos aliados. O primeiro deles é o próprio governo do presidente Volodymyr Zelensky. Ele lidera a luta contra a invasão russa e, por isso, mantém alta popularidade no país.

No entanto, Zelensky está sabotando o esforço de guerra com a imposição de uma Reforma Trabalhista que flexibilizou os direitos da classe trabalhadora, neste momento de guerra, e, também, possibilitou às empresas a suspensão de pagamento para trabalhadores alistados no Exército ou voluntários nas forças de defesa territoriais.

Além disso, Zelensky tem dado total liberdade à oligarquia ucraniana e às empresas multinacionais para aumentar, artificialmente, os preços dos produtos, ampliando seus lucros e promovendo a carestia e a pobreza dentre a população.

O segundo falso aliado são os Estados Unidos e os países da União Europeia. Eles têm anunciado bilhões de dólares em armas, mas se recusam a entregar as armas que o povo ucraniano precisa para se defender.

Exemplo disso é a falta de armas para impedir que mísseis russos e drones iranianos destruam as centrais de distribuição de energia elétrica e gás, o que já está afetando o fornecimento de 40% da energia em todo o país, deixando cidades inteiras às escuras e sem calefação adequada para suportar o frio. E isto às vésperas do inverno.

O PSTU apoia a resistência ucraniana e, ao mesmo tempo, defende a dissolução da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e da CSTO (Organização do Tratado de Segurança Coletiva), alianças militares a serviço de manter o domínio sobre os povos oprimidos em todo o mundo.

Ajuda Operária à Ucrânia!

Participe da solidariedade internacional

A Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas, integrada pela CSP-Conlutas, está promovendo a campanha “Ajuda Operária à Ucrânia”. A Rede construiu uma relação direta com o Sindicato Independente dos Mineiros e Metalúrgicos de Kryvyi Rih, um dos principais centros industriais e de mineração no país.

Além de divulgar a participação ativa da classe operária na resistência ucraniana, a campanha recolhe fundos para a aquisição de produtos básicos, que são entregues diretamente para o sindicato. É uma ajuda da classe operária internacional para classe operária ucraniana.

Já foram enviados dois comboios de ajuda operária, em abril e setembro, ambos com a participação de integrantes da CSP-Conlutas. A proposta é fortalecer e ampliar esta campanha.

Os companheiros que integraram os comboios estão à disposição para palestras em sindicatos, associações, ocupações, escolas e universidades, bem como para reuniões com grupos de ativistas interessados em conhecer esta importante campanha internacionalista.

A CSP-Conlutas também abriu uma “vaquinha” (“crowdfunding”) para a qual qualquer pessoa pode contribuir e cujos recursos serão enviados diretamente para o Sindicato dos Mineiros e Metalúrgicos de Krivyi Rih.

Participe, você também, da campanha de Ajuda Operária à Ucrânia