Após oito dias de greve os 4.600 trabalhadores da Bosch de Curitiba retornaram ao trabalho, insatisfeitos e confusos. Na sexta-feira, 24 de junho, o sindicato dos metalúrgicos fechou acordo com a empresa na audiência de conciliação realizada no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Desta forma, os trabalhadores receberão R$ 6,5 mil referente à PLR em 2011 para 100% das metas.

Sem realizar assembléia, a direção do sindicato dos metalúrgicos pôs fim à greve. Em audiência no TRT, a direção da Bosch apresentou a folha ponto em que comprovou que aproximadamente 1,7 mil operários estavam trabalhando na sexta-feira (24). Isso ocorreu porque o sindicato facilitou e teve uma política equivocada na quarta-feira (22), quando o presidente Sérgio Butka anunciou no caminhão de som que “aqueles que tivessem acordo com a proposta de PLR da empresa de 6 mil reais poderiam entrar se quisessem e os que fossem contrários permanecessem em greve do lado de fora da planta”. Esta orientação causou enorme confusão nos operários, além de ter facilitado a política de assédio moral que a Bosch intensificou após este episódio.

Na votação desta mesma assembléia de quarta-feira, a imensa maioria dos trabalhadores votou contra a proposta da empresa de R$ 6 mil e reafirmaram a proposta da deflagração da greve, PLR de R$ 8 mil. O encaminhamento do sindicato causou confusão, porém, o mais grave é que feriu a democracia operária na porta da fábrica, pois orientou a entrada da minoria dos trabalhadores que eram a favor da proposta da empresa mesmo com a esmagadora maioria tendo votado contra. Esta postura favoreceu a política de desmonte da greve da Bosch. Com muita pressão, assédio moral, mentiras e ameaças de demissão através dos líderes de produção a empresa conseguiu convocar ao trabalho os 1,7 mil trabalhadores na sexta-feira. Na assembléia de quarta-feira, apenas o setor administrativo havia ingressado ao trabalho, aproximadamente 800 funcionários apenas.

O sindicato aceitou o acordo na sexta-feira (24) sem submetê-lo a votação em assembléia, e somente na segunda-feira (27), após os operários terem retornado ao trabalho, realizou assembléias apenas informando sobre o acordo firmado no TRT. O sentimento dos trabalhadores é de derrota, pois sentiam que desta vez, após anos de campanhas com acordos rebaixados, caso o sindicato mantivesse a mesma postura que adotou na greve da Volks a vitória seria possível.
A Bosch é a maior autopeça do parque industrial de Curitiba e região metropolitana, no entanto pagará a menor PLR entre as grandes fábricas da capital. Em outros anos, a PLR na Bosch acompanhou o que era pago na CNH (Case New Holland), mas desta vez ficou distante dos R$ 8 mil (PLR) + abono de R$ 3 mil que será pago por esta empresa aos seus operários.