O alto preço da tarifa de luz no país é um escândalo. Os valores das contas são reajustados pelo governo com índices muito acima da inflação. Não há razão para que a energia no país seja cara, sobretudo devido à predominância da hidreletricidade, que propicia energia a baixo custo. A intenção do governo é clara: proporcionar o máximo de lucros para as empresas do setor.

A cara conta de luz do trabalhador subsidia a luz barata paga pelos empresários. É o que explica Marco Antônio Triervelier, da coordenação nacional do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens): “Hoje, a população urbana e rural paga mais caro pela energia elétrica, para as grandes empresas terem energia subsidiada. Para nós termos uma ideia, na minha cidade, eu pago R$ 0,63 por megawatt de energia consumida no mês. As grandes empresas aqui do Rio Grande do Sul pagam R$ 0,07”, denuncia.
Na última década, o valor da tarifa de luz aumentou mais 186%. A explosão da tarifa está diretamente relacionada à privatização do setor na década de 90. Segundo a Ilumina, uma ONG ligada à área de energia, entre 1990 e 2000, o aumento das tarifas médias de energia elétrica foi de mais de 140%.

Um exemplo típico do abuso na tarifa foi um erro registrado na metodologia do cálculo que obrigou a população a pagar um valor muito mais alto pela tarifa por mais de sete anos. A falha transferiu do bolso dos consumidores para o caixa das distribuidoras pelo menos R$ 1 bilhão por ano. No entanto, nenhuma medida de ressarcimento foi adotada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

Os últimos reajustes das tarifas de energia estão acima até mesmo do que foi pedido pelas empresas neste ano. Por exemplo, a CPFL (São Paulo) pediu alta de 6,7%, mas o governo autorizou aumento de 7,7%. Com a Ampla (Rio de Janeiro) aconteceu o mesmo: pediu aumento de 9,5%, levou 11,8% – um verdadeiro escândalo. Na Enersul (Mato Grosso do Sul), a alta foi de 18,5%. A empresa havia sugerido aumento de 17,5%.

a,ba.Os pobres mais pobres… os ricos mais ricos a,/ba.
Mesmo assim, o mercado financeiro exige mais “sacrifícios” por parte do governo. Por isso, a imprensa voltou a noticiar a intenção do governo de fazer uma nova reforma da Previdência Social. Ao mesmo tempo em que o Fundo Monetário Internacional mais uma vez propõe políticas recessivas e antipopulares para a América Latina. Para o fundo, a região ainda enfrenta o risco de superaquecimento em razão dos aumentos dos preços de alimentos e energia.

Na última semana, o governo e as centrais sindicais pelegas, CUT e Força Sindical, realizaram uma rodada de negociação para discutir mudanças na aposentadoria. A proposta, cuja negociação já foi iniciada no Congresso Nacional, é a adoção de um novo critério de cálculo da aposentadoria, que ficou conhecido como fórmula 85/95.

Com esse mecanismo, as pessoas só poderiam se aposentar com benefício integral quando a idade, somada ao tempo de contribuição, resultasse em 95 anos (homens) ou 85 (mulheres). Pode-se ver que os únicos “sacrificados” serão os trabalhadores que, além de sofrerem com o aumento da inflação dos alimentos, que atinge em maior proporção os mais pobres, encontrarão pela frente ataques aos seus direitos.

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