Mais um grande sindicato se desfiliou da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em plebiscito que começou na segunda-feira (27/03) e terminou na última sexta-feira (31/03), os servidores da seguridade social (saúde, trabalho e Previdência Social) decidiram que o Sindsprev/RJ deve se desfiliar da CUT. O motivo é que a central sindical tem se afastado de suas origens e passado a defender posições cada vez mais favoráveis aos patrões e ao governo, tendo se transformado em braço sindical do governo Lula. O resultado não deixou dúvidas quanto à insatisfação da categoria com a CUT.

Foram 7.648 votos. Destes, 6.791 pela desfiliação e 782 contra; 31 votos nulos e 44 em branco. Ainda faltam apurar duas urnas, a do Hospital dos Servidores e a da Regional Noroeste, cujo número de votos não trará alteração significativa na contagem final.

A CUT só interessa ao governo
A CUT há muito tempo deixou de ser uma entidade combativa, independente dos patrões e do governo, que organize os trabalhadores para lutar em defesa dos seus direitos e por mais conquistas. Desde o final da década de 1990 passou a se aproximar e a propor pactos aos governantes e empresários.

Alterações em seus estatutos acabaram afastando as bases das decisões, cada vez mais centralizadas na corrente Articulação Sindical. Isto permitiu que, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, sem qualquer consulta às bases, o então presidente da CUT, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, fechasse um acordo, no que seria a primeira reforma da Previdência, trocando a contagem da aposentadoria de tempo de serviço por tempo de contribuição, uma traição a todos os trabalhadores.

O plebiscito
Por tudo isto, em seu Congresso Estadual, em maio de 2002, no Hotel Glória, os servidores da seguridade social do Rio de Janeiro aprovaram indicativamente a desfiliação do Sindsprev/RJ da CUT, a ser confirmada em plebiscito, caso a central fosse contrária a greves do serviço público.

Aprovou, ainda, a imediata suspensão das contribuições à entidade. Com a eleição de Lula, a central se transformou no braço sindical do governo, apoiando todos os seus projetos, sua política econômica e suas reformas neoliberais. Em assembléia em 25 de agosto de 2003, com mais de 2 mil servidores da seguridade social, é novamente aprovado o indicativo de desfiliação.

Em seu 8º Congresso Nacional (8º Concut), a central decide apoiar a reforma da Previdência, exigida pelo FMI, e que prejudicaria os servidores públicos, e todas as demais reformas neoliberais do governo Lula. O então presidente eleito da CUT, Luiz Marinho (hoje ministro do Trabalho), se colocou contra a greve dos servidores e a favor da reforma. Depois, passou a defendê-la parcialmente, ajudando, assim, a aprovar o texto do governo indo contra a categoria.