No final da tarde do dia 2, foi realizado o seminário em Defesa da Educação Pública. O evento contou com a presença de mais de 200 pessoas. Entre os expositores destacaram-se o presidente da Associação Nacional dos Docentes das Universidades Brasileiras (Andes); Maria Luz, docente da Universidade Autônoma do México; Jean Paul Enrique, pela Federação Internacional dos Trabalhadores da Educação Pública; Agnaldo Fernandes, Coordenador da Federação dos Técnicos Administrativos das Universidades Brasileiras (Fasubra).
Também estiveram presentes e fizeram uso da palavra representantes da Rede de Defesa da Educação Pública nas Américas, da Universidade de Buenos Aires e da Universidade Metropolitana do México.
O sentido do seminário foi debater a situação da universidade pública diante da ofensiva neoliberal e quais as alternativas de organização e luta que poderiam ser construídas com capacidade de unificar os trabalhadores das universidades em todo mundo.
Roberto Leher, que fez a abertura do seminário, destacou que pela lógica da política do Banco Mundial (organismo que tem se dedicado a fazer os grandes planos neoliberais de reforma na Educação) não faz mais sentido os países periféricos fazerem investimentos em universidades pública voltadas para o conhecimento e pesquisa.
Segundo Leher, pela lógica do Banco Mundial, os países periféricos têm que se especializar na produção de bens capazes de competir no mercado mundial. Não caberia a esses países, gastar dinheiro com pesquisa e produção de conhecimento.
Como demonstração dessa realidade Leher lembrou que 99% das 3,6 milhões de patentes que existem no mundo são de propriedade do G-7 (grupo dos sete países mais ricos do mundo).
A consequência natural é um processo de desmonte e privatização da universidade pública, colocando-a totalmente a serviço do mercado e da formação de técnicos. Isso começaria com uma política de privatizar as relações de trabalho. Também foi constatado que o processo de privatizações das universidades existe nos países capitalistas centrais.
A conclusão unânime dos presentes foi que para construir uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade será preciso resistir e intensificar a resistência a esse projeto neoliberal e acumular (através da realização de novos fóruns e eventos de entidades da comunidade universitária) na direção de formular um projeto alternativo de universidade, voltado para a produção de conhecimento e para a maioria da população.
Mas além de procurar formular um projeto alternativo ao modelo do Banco Mundial, o seminário constatou que é preciso, em primeiro lugar, intensificar a resistência e as lutas contra o modelo e todas as suas conseqüências. Experiências com a greve nas universidades brasileiras em 2001, as lutas na UNAM e a greve da Universidade de Buenos Aires foram relatadas e apreciadas.
A proposta prática ao final do Seminário foi o de tentar fechar entre todas as entidades da Educação presentes ao Fórum uma proposta de um dia Intercontinental de luta pela defesa da Educação Pública. Essa proposta seria até o final do Fórum.