O debate de socialismo está presente no 2 Forum Social, qual é a sua visão sobre esse tema?
O caminho do socialismo é um longo processo de acumulação de forças da classe trabalhadora, que começa com as lutas e organização do povo para podermos apresentar um modelo de sociedade que não esteja sob a base do lucro, mas sim sob a base da solidariedade.
Como você vê o Fórum Social e as críticas que começam a surgir, como a de Hebe Bonafini, contra o excesso de social-democratas?
Acho sinceramente essa polêmica desnecessária. O Fórum é um espaço aberto a todas as correntes de opinião que querem discutir alternativas. Não interessa se tem mais ou menos social-democratas, o mais importante desse movimento é que ele está totalmente aberto à troca de opiniões, tanto que ele estabelece que não se votam documentos ou resoluções, a não ser que sejam consensuais. Assim, evita-se que prevaleça uma luta pelo poder e pela hegemonia de uma corrente sobre as outras.
Falando de Brasil, quais são os desafios da esquerda brasileira para 2002?
São muitos e difíceis os desafios para a esquerda. Diria que são três.
O primeiro é de ordem interna, ou seja, de organização da esquerda. Acho que a esquerda perde muita energia com lutas internas e não vai à organização do povão com a força que deveria. O socialismo só interessa ao povo e aos pobres. E não tem que perder muito tempo com espaço na mídia, nem com agradar as classes médias.
O segundo desafio é o das lutas de massa que precisamos construir e organizar e o terceiro é o de construir um projeto popular para o país.
Esse projeto tem um caráter socialista?
Tem esse caráter embora não precise ter nome. Esse projeto tem que unificar todas as forças do movimento e garantir os direitos fundamentais da maioria da população como terra, emprego, direitos que o capitalismo não consegue mais garantir.