O governo estadunidense de Donald Trump mal acabou as negociações com a Coréia do Norte e já está de volta ao centro das atenções. O motivo é o endurecimento da política de migração nos Estados Unidos que tem separado filhos de seus pais e colocados as crianças em campos de imigrantes.

A nova política migratória tem sido chamada de “tolerância zero” e com razão. Antes, as famílias que entravam ilegalmente nos Estados Unidos tinham o direito de pedir refúgio, alegando que correriam risco de voltar para casa. Elas eram então encaminhadas para uma ala especializada da justiçaa estadunidense que cuida dos casos de migração.

Com a recente determinação, a entrada ilegal naquele país passa a ser tratada como crime comum. Com isso, os adultos que são detidos tentando entrar nos Estados Unidos são encaminhados diretamente para prisões federais. As crianças, que não podem ser presas junto com seus pais, acabam parando em campos de migrantes. No começo dessa semana, vídeos e áudios de crianças chorando e pedindo por seus pais viralizou na internet.

Ironicamente, Trump declarou nessa segunda-feira (18) que “os EUA não vão se tornar um campo de migrantes”, mas é justamente isso que sua política tem feito. Nas últimas cinco semanas, o número de crianças separadas de seus país já beira os 2.500. Famílias de várias nacionalidade são atingidas pela nova política mas, sobretudo, as famílias mexicanas.

Há famílias brasileiras que também foram separadas. Mas o governo Temer, subserviente ao imperialismo, até agora não declarou nada com medo de se indispor com Mike Pence, vice-presidente dos EUA e que visitará o Brasil na próxima semana.

Crianças imigrantes, separadas de seus pais, em um dos campos de Trump.

O muro de Trump
A questão dos imigrantes foi um tema central nas eleições estadunidenses de 2016 e parte das promessas de campanha de Trump era justamente adotar uma política de intolerância para essa questão. Entre elas, estava a de construir um muro militarizado na fronteira EUA-México para impedir a entrada ilegal de pessoas no país.

Muito controversa, a construção do tal muro não foi bem sucedida e não conseguiu angariar os fundos necessários para a obra. O que Trump tenta fazer agora é justamente usar o drama dessas como pressão sobre o Congresso para aprovar uma lei mais rígida de imigração e também para que o Congresso vote o orçamento para a construção do muro.

Em outras palavras, o governo reacionário de Donald Trump usa o drama das famílias imigrantes como moeda de troca, ou melhor, como forma de extorsão de seu próprio Congresso. Isso só possível porque a separação das crianças de suas mães e pais tem a ampla repercussão na opinião pública e na imprensa – inclusive internacional. Segundo uma pesquisa da CNN, 59% dos estadunidenses desaprovam a separação das famílias.

Mas se Donald Trump cumpre um papel nefasto com sua política de intolerância com imigrantes, nada se deve esperar da oposição Democrata. A votação de dois projetos de reforma migratória já está marcada para a próxima quinta.

Nenhum ser humano é ilegal
A crise migratória pela qual passa o mundo hoje – a pior da sua história – não é uma casualidade. É resultado da crise econômica mundial, do aprofundamento da desigualdade, da recolonização dos países periféricos e pelas inúmeras guerras e conflitos armados em curso hoje no mundo. Guerras que, inclusive, são apoiadas e financiadas pelo próprio imperialismo, que muitas vezes intervem diretamente nelas. Em última instância, não é possível acabar com a crise de refugiados sem lutar contra o imperialismo que prefere garantir a livre circulação de suas mercadorias e capitais e criminalizar aqueles que buscam recomeçar a vida em outro lugar.