Palocci recebe os cumprimentos de Arthur Virgílio (PSDB-AM)
José Cruz / Agência Brasil

Palocci está escorregando de todas as formas para evitar perder seu posto como ministro. Na semana passada, tornaram-se públicas as divergências entre ele e a ministra Dilma Roussef sobre a condução da política econômica. As críticas da ministra fizeram com que Palocci chegasse a pedir afastamento do cargo, mas Lula conseguiu pôr panos quentes. Além disso, as denúncias de corrupção na gestão de Palocci à frente da prefeitura de Ribeirão Preto (SP) têm aumentado nos últimos dias, tornando praticamente inevitável a convocação do ministro pela CPI dos Bingos.

Para tentar se safar da convocação, Palocci resolveu adiantar seu depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, neste dia 16. O depoimento durou mais de 15 horas. O PSDB e o PFL, que querem desgastar o ministro e não pretendem desistir de sua convocação pela CPI, evitaram fazer perguntas sobre as acusações de corrupção. A maioria dos questionamentos foi sobre a economia.

Com isso, Palocci aproveitou para defender a política econômica e também para se defender dos escândalos. Sobre a acusação de que, quando prefeito de Ribeirão Preto, recebia propina de empresários, o ministro disse “sei o que fiz e sei o que não fiz. E isso eu não fiz“. Ao mesmo tempo, ele disse que “se erros foram cometidos, estou aqui para assumir a minha parte da culpa“.

`FotoO depoimento também contou com protestos de estudantes, que foram até o Congresso com nariz de palhaço.

Palocci negou também que a campanha de Lula tenha sido financiada por doações do governo cubano, das Farc (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) ou de empresários de Angola.

CPI aguarda ministro
A oposição burguesa não se satisfez com as declarações de Palocci. Alguns líderes declararam, ainda na noite de 16 de novembro, que votarão na próxima semana o requerimento de convocação do ministro para a CPI, na qual têm maioria. Os próprios petistas já vêem como inevitável a convocação. A senadora Ideli Salvati (PT-SC), durante seu questionamento a Palocci, disse: “O senhor será convocado pela CPI. Sugiro que se antecipe”. O ministro respondeu: “Se eu tiver que apanhar um pouco mais, essa será a minha contribuição nesse processo”.

Substituível
A saída de Palocci de seu confortável posto não era o que queriam nem a oposição, nem o governo, já que ambos têm total acordo sobre a política econômica implementada pelo ministro. Tanto é que, diante dos primeiros arranhões da crise em Palocci, houve uma grande operação para blindá-lo a todo custo. Mas a crise política foi além do esperado e, somada às divergências internas, possibilitam atualmente a queda de Palocci.

Para governistas ou oposicionistas, Palocci não é mais insubstituível como era antes. O importante é que a economia permaneça a mesma. Nesse cai-não-cai, Lula já disse que garante a continuidade da política econômica, caso o ministro caia.