Partido prioriza disputa da UNE e enfraquece unidade da luta contra o mensalão e a reforma UniversitáriaO governo Lula, desde o primeiro dia de seu mandato, não poupou os trabalhadores nem a juventude, aplicando as reformas do FMI e mantendo a política econômica de FHC. No entanto, do ponto de vista da decepção com esse governo, nada se compara aos escândalos de corrupção envolvendo a alta cúpula do PT e os partidos da base aliada, como o do mensalão. Assim como os governos de Collor e FHC, o governo de Lula e do PT também rouba.

A CUT, a UNE e o MST aprofundaram sua linha de apoio à Lula e estão promovendo atos contra o “golpismo da direita” contra um suposto governo de esquerda. Mas como escreveu Luís Fernando Veríssimo, nessa história falta o governo de esquerda.

Diante desse cenário, o governismo e o burocratismo irreversível da UNE está desencadeando um polêmico debate no movimento estudantil brasileiro. Dezenas de Centros Acadêmicos e DCEs e milhares de lutadores vêm rompendo com a UNE e construindo a Coordenação Nacional de Luta dos Estudantes (Conlute). Trata-se de um processo histórico e objetivo que se aprofundará após o 49º Congresso da UNE, que acontece neste final de semana em Goiânia.

A Conlute, com outros setores do movimento estudantil, optou em não participar deste Congresso da UNE, por entender que esse não seria nada mais que uma grande festa governista em apoio à reforma Universitária e uma tentativa de esconder a corrupção do governo. No entanto, fomos a Goiânia para participar de um seminário sobre os rumos do movimento estudantil, promovido pelo DCE-UFG.

O PSTU, ao saber que a UNE encabeçaria um ato em defesa do governo corrupto e contra o “golpismo da direita”, procurou com uma semana de antecedência os militantes do P-SOL para realizarmos uma mobilização junto com outros setores contra a corrupção e a reforma Universitária. A direção do P-SOL, após duas reuniões com o PSTU, se mostrou muito receptiva à realização de um ato unificado. Afinal de contas, apesar de todas as diferenças em relação a ruptura com a UNE, a unidade dos lutadores contra a corrupção e a reforma é uma necessidade. Muito mais importante que a polêmica em torno do movimento estudantil é a luta contra o governo Lula e o Mensalão.

Na manhã desta sexta, dia 1º de julho, horas antes do ato, a direção do juventude do P-SOL reafirmou o compromisso do ato unificado e garantiu que o PSTU teria o direito de fazer uma saudação. Havia dirigentes de importantes entidades presentes, como o DCE-UFRJ, DCE-UFG e o DCE-UFMG, que, naturalmente, teriam o direito à palavra em qualquer ato. O P-SOL se opôs que essas entidades falassem, e nós, do PSTU, para garantir a unidade e a existência da manifestação, aceitamos a condição dos companheiros solares.

Quando chegamos enfim no ato, que contava com a presença da senadora Heloísa Helena, dos parlamentares Luciana Genro e Babá e do ex-presidente do ANDES Roberto Leher, fomos surpreendidos com o comunicado da direção do P-SOL de que não poderíamos falar.

O P-SOL alegou que para garantir a presença da corrente petista APS no ato, não nos concederia nem mesmo a saudação, e que a manifestação seria apenas do campo de “oposição” da UNE.

Diante desta lamentável atitude, concluímos que:

01. O P-SOL prioriza as alianças para entrar desesperadamente na Executiva da UNE, ao invés da unidade dos lutadores para derrotar o governo do Mensalão;
02. A democracia e a liberdade defendidas de maneira tão entusiasmada pelo P-SOL não passam de palavras ao vento e não incluem o PSTU e demais setores;
03. A política divisionista e anti-democrática do P-SOL favorece apenas o governo Lula e a UNE e enfraquece a luta contra a corrupção e a reforma Universitária.

Enfim, sempre tivemos muito claro a estratégia eleitoral desse partido e os limites do Socialismo defendido pelo P-SOL, mas não tínhamos idéia que a Liberdade também não passava de uma ficção para enveredar centenas de militantes honestos.

Em relação à APS, as nossas palavras não são mais arrebatadoras que a realidade. Os companheiros insistem na tese de que o governo Lula está em disputa e continuam firmes nos marcos do PT. Agora, o PT além de ser um partido traidor, é também corrupto. É o vale-tudo para manter seus gabinetes e parlamentares.

No dia 17 de agosto, os companheiros do P-SOL e da APS terão uma grande oportunidade de se redimir desse erro grave. A Conlutas e Conlute realizarão nessa data uma grande marcha a Brasília, que contará certamente com mais 15 mil pessoas. Contamos com a presença dos companheiros nesse ato, porque, para nós, o mais importante é a unidade para derrotarmos a corrupção e as reformas neoliberais do governo Lula e do PT.

Os companheiros podem ficar tranqüilos, que diferentemente dos vetos e censuras que encontramos em Goiânia, vão encontrar no ato em Brasília um espaço verdadeiramente democrático, e poderão se expressar com Liberdade.