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Na última quarta-feira, 23, Ricardo Salles foi exonerado do cargo de Ministro do Meio Ambiente. Ele era um ministro declaradamente inimigo das florestas e dos povos originários, aliado dos madeireiros, grileiros e garimpeiros. Sua regra número um era “passar a boiada”, isto é, aprovar todas as medidas possíveis para favorecer seus amigos. Em sua gestão a Amazônia voltou a ter recordes de desmatamento, os assassinatos de trabalhadores rurais cresceram e a perseguição aos povos indígenas passou a ser política de governo. Todos os órgãos públicos ligados a esta área – Ibama e Funai – passaram por um forte desmonte. Salles deixa o Ministério sob investigação da Polícia Federal, que apura suspeita de facilitação à exportação ilegal de madeira do Brasil para os Estados Unidos e Europa.

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A queda de Salles deve ser comemorada, ela é fruto das lutas contra este governo genocida, mas em seu lugar entra outro tão reacionário quanto. No mesmo dia que comunicou a exoneração de Salles, Bolsonaro comunicou a posse de Joaquim Álvaro Pereira Leite para o Ministério do Meio Ambiente. Mas quem é Pereira Leite?

Filho de família tradicional de fazendeiros de café de São Paulo, Pereira Leite já integrava o Ministério do Meio Ambiente, estava à frente da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais, desde setembro do ano passado. Ou seja, era um dos membros da tropa de choque do “deixa passar a boiada”. Logo, essa concepção seguirá em sua gestão.

Pereira Leite foi conselheiro por mais de 20 anos da Sociedade Rural Brasileira (SRB), uma das organizações que representam o setor agropecuário, entre 1996 e 2019. Esta organização tem laços forte com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), a tão conhecida bancada ruralista, grupo formado por de mais de 200 deputados federais e senadores.

Como qualquer outra grande latifundiário, Pereira Leite é também um ladrão de terras. Hoje, ele disputa judicialmente um pedaço da Terra Indígena Jaraguá, na Zona Norte da capital paulista.

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É que preciso seguir “atento e forte”. Muda o ministro, mas permanece a mesma política de destruição do meio ambiente, de roubo de terras e massacre de trabalhadores rurais, quilombolas e indígenas.