O Conselho Nacional de Transição (CNT) anunciou, em meados de setembro, que vai respeitar os contratos assinados com empresas estrangeiras na Líbia feitos pelo ditador Muammar Kadafi. Isso é um absurdo, pois todos sabem que Kadafi estava envolvido em profundas relações promíscuas de corrupção com governos e empresários europeus e norte-americano, em prejuízo do povo líbio. Portanto, todos estes contratos deveriam ser rompidos imediatamente.

Mas os ministros da CNT garantem que eles serão cumpridos inclusive com governos como Itália e China, que têm amplos investimentos na Líbia. Estes contratos dizem respeito a compra de petróleo a preços baixos. Esta semana saiu o primeiro cargueiro de petróleo bruto com destino à Itália, do porto oriental de Marsa el Hariga. A produção de petróleo, que era de 1,6 milhões de barris ao dia, pretende chegar no início de outubro a 500 mil barris ao dia.

O presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, e o primeiro-ministro interino e ministro das Relações Exteriores, Mahmoud Jibril, ex-professor de ciência política da Universidade de Pittsburgh, garantiram tratamento privilegiado aos imperialismos ingleses e franceses, frente a Nicolas Sarkozy e David Cameron, que visitaram Trípoli.

Abdel Jalil disse que não houve acordos prévios com os “aliados e amigos” do CNT.
“Mas como um povo fiel, reconheceremos esses esforços e eles terão prioridade”, afirmou.

Há informações de que a França teria exigido um acordo no qual garantiria pelo menos 35% da produção de petróleo. O ministro do Exterior francês, Alan Juppé, sem confirmar, comentou: “Isso parece lógico para mim”. “A operação na Líbia é muito dispendiosa. É também um investimento no futuro”. Por sua vez, o ministro do Exterior da Inglaterra, William Hague, reagiu: “as empresas britânicas não ficarão para trás”.

A Líbia é o quarto maior produtor de petróleo da África, e o de melhor qualidade, detentor de uma reserva de 60 bilhões de barris. Dono de imensas reservas subterrâneas de água, e de mais de um bilhão e 500 milhões de metros cúbicos de gás, ocupando uma posição geográfica estratégica no mundo árabe e no Mediterrâneo.

Por outro lado os representantes da CNT têm expectativa que franceses, ingleses, norte-americanos e a Comissão de Sanções da ONU aprovem imediatamente a liberação dos ativos líbios, de cerca de 7,6 bilhões de euros, atualmente confiscados, para que possam se apropriar de uma parte polpuda da riqueza nacional.

Os “fiéis” Jalil e Jebril, serviçais do imperialismo, estão dispostos a entregar as riquezas do país em troca de algumas migalhas para seus ganhos pessoais. Mas para isso terão que desarmar o povo, que fez uma revolução vitoriosa. E isso não será facil, pois a representatividade deste governo interino é bastante questionada, e não há um exército do Estado para garantir a repressão.

A revolução Líbia ainda tem muito o que caminhar.

LEIA TAMBÉM

  • Novo governo líbio enfrenta questionamentos