A nacionalização da Sidor é um triunfo da luta dos trabalhadores. Agora, é necessário exigir o cumprimento do contrato coletivo nos termos propostos pelo SUTISS. Nenhuma indenização à transnacional Ternium e controle operário da empresaNa madrugada do dia 9 de abril, o vice-presidente da República, Ramón Carrizalez, anunciou, em meio a uma reunião entre representantes da empresa e do sindicato SUTISS, a nacionalização da Ternium Sidor. No mesmo dia 9 de abril, os sidoristas realizaram uma assembléia nos portões da empresa, onde celebraram o anúncio da nacionalização.

A nacionalização da Sidor é uma conquista da luta dos operários desta empresa e um exemplo para os trabalhadores de todo o país. Ela ocorreu depois de quase um ano e meio de uma luta incansável pela convenção coletiva, pela qual trabalhadores realizaram oito paralisações e sofreram uma brutal repressão, no dia 14 de março, cujo saldo foi de 53 presos e 13 feridos.

Este triunfo se produziu apenas alguns dias depois da marcha que reuniu mais de 6 mil pessoas em San Félix, no dia 28 de março; do Encontro Nacional de solidariedade aos trabalhadores sidoristas, do qual participaram representações de 200 sindicatos de todo país, em 29 de março; e do referendum controlado pelo sindicato SUTISS, nos dias 1º a 3 de abril, em que os trabalhadores rechaçaram a proposta da empresa e votaram massivamente a favor da continuidade da luta.

Por tudo isso, o anúncio da nacionalização da Sidor não é, de nenhuma maneira, um presente do governo Chávez. Muito pelo contrário. Neste sentido, estamos completamente de acordo com a declaração de Orlando Chirino, coordenador nacional da UNT e membro da Corriente Clasista, Unitaria, Revolucionaria y Autónoma (C-CURA): “os derrotados são a empresa multinacional Ternium e o próprio governo Chávez que, até a semana passada, apoiava a empresa, por meio da postura do ministro do Trabalho, José Ramón Rivero. Não podemos esquecer que, no marco deste apoio governamental, a empresa deu por terminada as negociações e, com o apoio do ministro, pretendia impor um referendo fraudulento que os sidoristas derrotaram, realizando seu próprio referendo autônomo, em que os trabalhadores rechaçaram massivamente a proposta patronal”.

Além disso, não devemos esquecer que o governo respeitou, durante nove anos, esta privatização feita pelo governo pró-imperialista de Rafael Caldera e esteve, de fato, associado aos negócios da Ternium, através da CVG.

Os Sidoristas, com esta vitória, estão mais fortes para lutas por seu contrato coletivo nos termos propostos pelo SUTISS: pelo aumento de salário; pela absorção dos mais de 10 mil trabalhadores terceirizados que trabalham para as empresas contratistas; e pelo incremento retroativo dos pagamentos das indenizações mínimas dos demitidos. Este é o momento mais propício para exigir do governo Chávez o cumprimento imediato de todas as reivindicações pelas quais os operários da Sidor lutam há quase um ano e meio, assim como a destituição do ministro do Trabalho, José Ramón Rivero.

Não podemos esquecer a feroz repressão desencadeada e o fato de que muitos operários seguem sendo processados e perseguidos pela Justiça. Com o anúncio da nacionalização, a suspensão imediata de todos os processos jurídicos deve ser garantida imediatamente pelo governo nacional, assim como o compromisso de não utilizar mais forças repressivas contra o movimento operário e popular, assim como a destituição dos ministros do Interior e da Defesa, responsáveis pela repressão junto com o governador do Estado de Bolívar, Francisco Rangel Gómez, inimigo declarado dos trabalhadores.

Por outro lado, se estima que, nos últimos anos, 18 trabalhadores morreram na Sidor em acidentes de trabalho ou por doenças relacionadas direta e imediatamente com as péssimas condições e os ritmos alucinantes de trabalho. A última vitima morreu no dia 25 de março de ataque cardíaco dentro da própria empresa. É obrigatório, portanto, também reivindicar a indenização de suas famílias e o julgamento e prisão dos dirigentes da empresa responsáveis por suas mortes.

Quanto à forma de nacionalização, exigimos do governo Chávez uma Sidor 100% estatal. Os trabalhadores não podem aceitar que a forma na qual se concretizará a nacionalização da Sidor seja simplesmente a compra de ações pelo Estado venezuelano e sua transformação em acionista majoritário, ou seja, que a Sidor se transforme em outra empresa mista, onde seguramente terá como sócia a infame transnacional ítalo-argentina Techint. Ao mesmo tempo, devem exigir que não se presenteie a transnacional com nenhuma indenização. A empresa já se beneficiou com enormes lucros através do suor dos Sidoristas. A Techint comprou esta empresa a “preço de oferta” (US$ 1.200 milhões) e só em 2007, faturou US$ 500 milhões com ela.

A luta pelo controle operário da Sidor está intimamente ligada à exigência de sua nacionalização. Os sidoristas não devem aceitar que uma burocracia nomeada a dedo pelo governo nacional, em acordo com possíveis acionistas privados minoritários, controle a empresa. Os operários de Sidor devem controlar a produção, a distribuição e a administração da empresa nacionalizada.

Por fim, a Unidade Socialista dos Trabalhadores (UST), seção venezuelana da Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta Internacional (LIT-QI) se soma à perspectiva da construção de um grande ato de 1º de Maio independente do governo e dos patrões, junto com os sidoristas do Estado de Bolívar.

  • Viva a nacionalização da Sidor!
  • Cumprimento imediato do contrato coletivo: aumento de salários, absorção dos terceirizados e incremento das pensões dos aposentados
  • Fora os ministros do trabalho, do interior, da defesa e o governador do Estado de Bolívar!
  • Suspensão de todos os processos contra os Sidoristas! Fim da utilização das forças repressivas contra o movimento operário e popular!
  • Indenização das famílias dos mortos por acidentes de trabalho! Julgamento e prisão dos responsáveis pelas mortes!
  • Por uma Sidor 100% estatal: nenhuma indenização à transnacional Techint!
  • Controle operário da produção, da distribuição à administração da Sidor!
  • Por um 1º de maio independente do governo e dos patrões!

    Caracas, 14 de abril de 2008