Há duas semanas, na cidade de Abaetetuba (PA), uma menina de 15 anos foi mantida presa numa cela com 34 homens, detida por suspeita de furto. Ela apanhava e era impedida de chegar à porta pelos presos. Foi estuprada sistematicamente, obrigada a trocar sexo por alimento.

Aproveitando a proximidade da cela com a rua, a menina gritava para chamar a atenção de quem passava. Após um mês, uma denúncia anônima chegou ao Conselho Tutelar. Quando foi descoberta, tinha marcas de queimaduras e hematomas pelo corpo. Para ser confundida com homens, seu cabelo foi raspado. Em depoimento, a menina declarou que gostava da quinta-feira, quando as mulheres dos presos iam visitá-los e ela tinha folga.

A família passou a sofrer ameaças e está, agora, “foragida”, no programa de proteção à testemunha. Tiveram suas vidas roubadas.
As autoridades, cinicamente, se dizem chocadas e encenam um jogo de empurra. A Justiça diz que não sabia. O delegado da cidade, Celso Viana, justificou o injustificável dizendo que o município só tinha uma cela. A prisão foi efetuada pela delegada Flávia Verônica Pereira. O pedido de transferência foi levado à Justiça somente 17 dias após a prisão, sendo que ela sequer poderia ter sido presa. A juíza Clarice Maria de Andrade não atendeu ao pedido.

Depois dessa denúncia, pelo menos mais quatro casos idênticos foram registrados no Pará. Isso tudo aconteceu sob os olhos da governadora petista Ana Júlia, chefe máxima da polícia.

Este episódio, por acaso, chegou a público, mas, hoje, cerca de um terço das detentas brasileiras não está em carceragem feminina: estão presas junto com homens, sofrendo todo o tipo de violência, abuso e humilhações.

Não basta ser mulher
As várias mulheres que tiveram responsabilidade na violação da menina paraense são a prova de que não basta ser mulher para lutar contra a opressão.

A ex-feminista Ana Julia, governadora do Pará é cúmplice da brutalidade que sofreu a jovem. Ironicamente, ela faz parte da ala esquerda do Partido dos Trabalhadores, a Democracia Socialista (DS). Hipocritamente, declarou que mulheres presas com homens “é uma prática lamentável, que, infelizmente, já acontece há algum tempo”, como se não tivesse nada a ver com o assunto. O que aconteceu no Pará é indefensável, e o governo tem de ser responsabilizado.

Essa é a prova da degeneração completa e da rendição do PT ao capitalismo selvagem, que precisa da submissão da mulher para sobreviver. A violência – física e moral – é a face mais cruel dessa opressão.

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