Convenção lança candidatura socialista em Santos

O PSTU lança uma alternativa socialista, uma opção classista ao mais do mesmo que se apresenta nessas eleições.Com uma candidatura que defende “Santos para os trabalhadores”, o PSTU escolheu o funcionário público aposentado, Luiz Xavier, para concorrer à prefeitura de Santos nestas eleições. O também servidor Samuel Rodrigues Lopes será o vice-prefeito e Tamiris Rizzo, nutricionista e ex-estudante da Unifesp-Baixada Santista, será o nome do partido para concorrer a uma das vagas no Legislativo Municipal . A escolha dos candidatos aconteceu na sede do partido em convenção realizada na tarde do último sábado, 23 de junho.

Pela segunda vez na disputa pelo Executivo de Santos (foi candidato em 2004), Luiz Xavier, apresentou sua candidatura para uma plenária formada principalmente por estudantes, militantes do movimento sindical, ativistas sociais, professores e servidores públicos.

O eixo da intervenção de Luíz foi o imenso contraste social que existe na cidade. “Santos é uma cidade cada vez mais rica. Está no coração do pré-sal, tem o maior porto da América Latina e vive há alguns anos o boom imobiliário. A reflexão que propomos ao santista é: quem está se beneficiando deste desenvolvimento? Em nossa opinião, não são os trabalhadores. Os governantes, em nível federal e estadual, até chegar ao nível local, estão transformando Santos em uma Manhattan. Ou seja, uma ilha para ricos. E não é apenas a população mais pobre, da zona noroeste, dos morros, do centro, que está sendo expulsa. Mesmo os trabalhadores da Petrobras, os funcionários públicos, os professores, também estão sendo expulsos para as cidades vizinhas.”

De acordo com o pré-candidato, o que ocorre em Santos é um processo desenfreado de elitização, um projeto de contrarreforma urbana. “Enquanto a prefeitura estimula a construção de milhares de apartamentos para especulação imobiliária na orla, existe um déficit habitacional de 16 mil casas para os trabalhadores e para a população pobre. Nosso papel nessas eleições será justamente inverter esta lógica”.

Outro ponto abordado com ênfase pelo candidato foi o pré-sal que transformará, em alguns anos, Santos no quartel-general da Petrobrás. Além de empunhar como bandeira estratégica a defesa por uma Petrobrás 100% estatal, Luíz defendeu um novo olhar sobre o debate em torno dos royalties.Em sua campanha, não irá reduzir o debate sobre recurso estratégico à questão apenas dos royalties. No seu programa, denunciará a política de Lula e Dilma que deram continuidade aos leilões do petróleo realizados no Governo de FHC. “A Prefeitura, além de cobrar o fim dos leilões, pode através de uma lei municipal criar um fundo que destine esse dinheiro para áreas sociais e para recuperação ambiental. E que esse fundo não seja controlado por políticos corruptos, mas pelos trabalhadores e pelas organizações sociais”, defendeu o pré-candidato.

Uma campanha diferente
Nestas eleições, os candidatos majoritários tentarão mostrar que são diferentes e forjar candidaturas de oposição ao atual governo municipal, comandado por Papa (PMDB). A população não pode depositar qualquer confiança nesses nomes. De um lado, estão aqueles que apoiam e formam a base política do Governo Federal – responsável pela expulsão das famílias indígenas de Belo Monte, e pela expulsão das famílias pobres que vivem em áreas onde serão construídos empreendimentos superfaturados da Copa do Mundo e das Olimpíadas. De outro, estão aqueles que apoiam o Governo do Estado, responsável direto pelo massacre do Pinheirinho, em São José dos Campos, quando 1.634 famílias tiveram seus sonhos e casas destruídas sob golpes de cassetetes e balas de borracha.

O PSTU lança uma alternativa socialista, uma opção classista ao mais do mesmo que se apresenta nessas eleições. E, certamente, irá destoar dos demais partidos. Em primeiro lugar, porque não aceita dinheiro das empresas, pois sem independência política e financeira não há condições de defendermos concretamente as nossas ideias. Em segundo lugar, porque queremos ouvir os trabalhadores e os jovens para elaborar o nosso programa.

Tamiris Rizzo sintetizou em sua fala qual será a cara do PSTU nessas eleições. “O PSTU propõe abrir sua candidatura para as lutas dos trabalhadores e da juventude, dando ampla divulgação às injustiças sociais e às greves em curso das categorias; propõe também defender as bandeiras das mulheres trabalhadoras e dos homossexuais, exigindo medidas urgentes contra o machismo e pela criminalização da homofobia. E propõe abrir espaço para uma importante parcela da população, invisível quando o assunto são investimentos, mas que engorda os índices de violência policial na cidade: a juventude negra, uma das maiores vítimas da ausência de investimentos às camadas mais pobres da população”.

Seminário irá consolidar programa do partido
Para responder a essas demandas com um programa democrático e coletivo, a regional do PSTU em Santos realiza, no dia 4 de agosto, o Seminário para discutir os problemas concretos e cotidianos da cidade nos mais diversos temas, como educação, saúde, transporte, violência e habitação. A ideia é que após os debates sejam consolidadas propostas a todos estes temas.

Neste sentido, o PSTU pretende, não apenas apresentar um programa, mas construir coletivamente com os trabalhadores e os estudantes um programa socialista para a cidade de Santos.