Inauguração do Parque Augusta. Foto Governo de SP
PSTU-SP

No ultimo sábado (06/11) foi inaugurado o Parque Augusta, no bairro da Consolação, em São Paulo. A área de cerca de 24 mil metros quadrados, na região do Centro de São Paulo, passou por anos de conflito entre a população e os grandes empresários imobiliários, Setin e Cyrela, que pretendiam construir prédios na área.

A região do parque passou por várias transformações do início do século XX pra cá, chegando a ser sede do Palacete Uchôa no início do século passado e, posteriormente, sede de várias instituições de ensino e, em 1973, se determinou a proteção do bosque (que abriga vegetação de Mata Atlântica nativa e é lar de 21 espécies de pássaros). Em 1989 foi declarada patrimônio ambiental e em 2002 a formação do Parque Augusta foi determinada no Plano Diretor da cidade.

Acontece que em 2013 os empresários do setor imobiliário Setin e Cyrela supostamente compraram o terreno (alegando terem pagado um preço muito acima do valor da área) e pretendiam iniciar construções ilegais de torres comerciais e residenciais onde deveria ser um parque público. A disputa durou vários anos, enfrentando os empresários e a prefeitura do PSDB, que não só estava ao lado dos empresários da especulação imobiliária como, sendo obrigada a restaurar  o parque, pretendia entregá-lo à iniciativa privada.

Apenas a mobilização popular que se iniciou no esteio das lutas que sacudiam o país em junho de 2013 criaram condições para derrotar os empresários inescrupulosos e a prefeitura de São Paulo e garantir a construção do parque sob administração pública.

A abertura do parque no último fim de semana é uma vitória dos movimentos sociais e moradores do bairro e abre um debate sobre que cidade queremos.

Protesto contra a construção de torres no Parque Augusta

O grandes proprietários imobiliários, preocupados com garantir seus lucros exorbitantes, lutavam para impedir a construção do parque na região e, em detrimento dele, destruir a área de preservação ambiental e construir prédios no local. Esses empresários são os mesmos que também lutam todos os dias contra a população pobre que ocupa terrenos em busca de um lugar para morar.

O caso recente dos moradores da Ocupação Mimax é emblemático no mesmo sentido. Depois de mais de 20 anos desocupado e sem função social, cerca de 700 famílias ocuparam o terreno no Jardim Copacabana, que era usado até para desova de corpos. Cinco anos após a construção da ocupação, a Construtora Mimax pretende desalojar as 700 famílias porque a construção do metrô na região valorizou o terreno. Nessa batalha o governo e a justiça estão ao lado dos grandes empresários imobiliários contra o povo, assim como estiveram no caso do Parque Augusta.

A construção de uma cidade que supere o déficit imobiliário – que na cidade de São Paulo chega a alcançar a cifra de meio milhão de imóveis, garantindo casa para quem precisa e, ao mesmo tempo, se importe com a qualidade de vida da população, atendendo necessidades básicas, desde o saneamento básico até áreas de lazer, esporte, escolas e hospitais – não será possível sem enfrentar os grandes capitalistas e banqueiros que lucram com pobreza e a destruição ambiental e urbana.

É preciso superar essa lógica de que a vida nas cidades seja determinada pelo interesse do lucro. Em troca da “liberação” da área do parque, os empresários Setin e Cyrela receberam uma vergonhosa autorização do governo para construir prédios de uma altura superior ao que é ambientalmente aceitável.

Essa lógica de cidade que serve para encher o bolso de meia dúzia de milionários, enquanto o povo vive em condições indignas e é obrigado a se submeter a uma urbanização que não atende aos interesses das comunidades, precisa ser superada com muita luta que leve a uma revolução dos de baixo para derrubar esses parasitas de cima. Uma revolução socialista em que se coloque a necessidade de construção de um modelo urbano que atenda aos interesses da população, não do lucro.