Ato do Movimento Unido dos Camelôs na escadaria da câmara municipal do Rio, 10 de Junho 2021. Fonte: MUCA/ divulgação

Samantha Guedes, do Rio de Janeiro

No Brasil, atualmente, são 92 milhões de pessoas sem trabalho, sobrevivendo por meio de bicos ou na informalidade. Quando o trabalhador perde seu emprego, sem qualquer tipo de ajuda ou assistência social, precisa “se virar” para o sustento de sua família. Com o agravamento da crise, na pandemia, o trabalho por conta própria atingiu o recorde de 24,8 milhões de pessoas. Assim os vendedores popularmente chamados de ambulantes ou camelôs se ampliam nas grandes cidades.

Segundo o IBGE, o Rio de Janeiro é a cidade com maior número de ambulantes (9,14%) do país. Esses vendedores ambulantes têm as piores condições de trabalho, sejam fixos ou tira colo, pois ficam debaixo de sol e chuva, nas ruas, nas praças, nos transportes coletivos, sem banheiro, sem direitos.

Mesmo assim, com toda a crise social que obriga famílias buscarem alimentos nos caminhões de lixo, os camelôs estão sendo perseguidos pelo prefeito Eduardo Paes. Essa prática é comum no seu histórico, ocorrendo também em 2009, na sua primeira gestão. O “tal choque de ordem” segundo o prefeito tem como objetivo organizar a cidade, entretanto, a sua verdadeira função é atender a exigência dos donos das redes do grande comércio. Paes quer retribuir aos financiadores de sua campanha, expulsando a periferia dos “pontos turísticos”, para atender aos anseios da especulação imobiliária. Para Paes, o projeto “Reviver Centro” significa expulsar os trabalhadores de rua. Mas não é apenas no Centro. Em Madureira, Méier, Taquara, Campo Grande e Santa Cruz têm sido frequentes os episódios de perseguição.
A guarda municipal tem imposto um clima de terror a quem quer trabalhar e ganhar a vida dignamente. Cenas de humilhação e violência física são constantes. Mercadorias são apreendidas sem devolução.

Uma das maiores crueldades que pode fazer com um trabalhador é tirar o seu sustento. E, no caso desses vendedores ambulantes é apreender/destruir suas mercadorias muitas delas consignadas. O Prefeito playboy demonstra muito mais que insensibilidade e crueldade. Demonstra a que classe ele pertence, a que interesses ele representa.

Ao invés de punir as grandes empresas que demitem, é mais fácil atacar os trabalhadores camelôs, majoritariamente negros e mulheres provedoras de suas casas. Há muitos idosos que, por conta da inflação dos alimentos, não conseguem mais sobreviver apenas com suas aposentadorias. Isso é desumano.

Devemos exigir dos governos políticas de geração de empregos, como um plano de obras públicas, com construção de moradias, saneamento, entre tantas outras necessidades e a redução de jornada de trabalho para 30 horas semanais sem redução de salário, o que seria plenamente possível. Devemos exigir a manutenção do auxílio de R $600,00 para que não seja mais necessário revirar lixo.

Mas, enquanto não houver empregos, os governos têm a obrigação de garantir que os camelôs possam trabalhar com tranquilidade. O que eles reivindicam é uma reorganização das licenças, o que a Prefeitura tem negado. Por isto, está sendo organizada uma passeata dos camelôs no próximo dia 24 de Novembro, pelas ruas do centro da cidade.

O PSTU se soma a este chamado e convoca o conjunto dos trabalhadores da nossa cidade a se solidarizar com os camelôs e a repudiar a atitude covarde de Eduardo Paes.

Emprego e renda sim, Guarda municipal armada não!