Redação

Leia o editorial do Opinião Socialista nº 564

O governo Bolsonaro já vem mostrando a que veio. Está tentando a aprovação da reforma da Previdência de Temer ainda este ano no Congresso. Por aí já se vê bem a “mudança” de Bolsonaro: quer começar nos enfiando goela abaixo a reforma do Temer que impedimos ano passado com Greve Geral e quer fazer outra reforma ainda pior no ano que vem.

Ele ameaça a aposentadoria dos trabalhadores, os direitos trabalhistas e quer a entrega total e completa dos recursos do país e das estatais ao capital estrangeiro. Para isso, ameaça impedir nosso direito de protestar e de lutar, criminalizando os trabalhadores, arrebentando com repressão os sem-terras, indígenas e quilombolas, tachando grevista de terrorista. Para favorecer o agronegócio, banqueiros internacionais e mineradoras vai destruir o meio-ambiente.

O projeto econômico de Bolsonaro, chefiado por Paulo Guedes, seu “posto Ipiranga”, é de entrega e total do país e de subserviência aos EUA. Um projeto ultraliberal, igual ao que foi aplicado no Chile pela ditadura de Pinochet. Para ser aplicado até o final, só mesmo com ditadura. Por isso trouxe um monte de militares para o governo, já falou de “autogolpe”: quer partir pra repressão e acabar com a nossa liberdade de organização, de greve e manifestação.

O discurso de Bolsonaro e seus aliados também incentiva a violência contra negros, mulheres, indígenas e LGBT’s, por indivíduos racistas, machistas e LGBTfóbicos, ou grupos paramilitares, como tem acontecido. O que Bolsonaro fala sobre as mulheres, os gays, os indígenas ou os quilombolas, tratando-os como seres inferiores, servem à desumanização dos setores oprimidos, a fim de submetê-los à violência, à perseguição e à semiescravidão.

A fim de justificar a escravidão de negros e indígenas na América, os colonizadores europeus precisaram formular uma teoria no qual esses setores eram desprovidos de alma. Ou seja, eram desumanizados, para justificarem assim a sua submissão a toda sorte de barbárie.

Frente única
É hora da unidade da classe trabalhadora e das nossas organizações em torno a reivindicações comuns que expressem a defesa dos nossos direitos: a defesa da nossa aposentadoria, a revogação da reforma trabalhista e da lei das terceirizações, emprego, educação, saúde, moradia e transporte, contra a violência e pela defesa dos direitos das mulheres, negros, indígenas, quilombolas e LGBTs. Contra as privatizações e a entrega dos nossos recursos ao capital estrangeiro. Pela defesa das liberdades democráticas.

Em torno a essas reivindicações, precisamos nos unir aqui embaixo, no chão das fábricas, nas escolas, nos bairros populares, no campo, independentemente de quem cada um votou, organizando a classe trabalhadora, os setores populares e a juventude que defende a educação pública, numa frente única. É preciso exigir dos sindicatos, das organizações dos trabalhadores e das grandes centrais sindicais que se coloquem a serviço das nossas reivindicações e dessa frente única para lutar. Pois, é necessário construir uma Greve Geral. Unidos somos fortes e podemos vencer.

Unidade para lutar
O PT e o PSOL estão propondo frentes políticas e eleitorais novamente, retomando mais uma vez a campanha de “Lula Livre”, que não mobiliza e muito menos unifica a classe. Divide a classe operária, isso sim, e só serve para fins eleitorais. Evidentemente, o PT, PSOL, etc., têm o direito de fazerem a frente eleitoral que quiserem e inclusive suas campanhas por Lula, mas isso aí é campanha de uma parte.

E o que precisamos agora é de uma frente única que una a classe para lutar, defender seus direitos e as liberdades democráticas, da qual, inclusive os trabalhadores que votaram em Bolsonaro possam participar, porque em sua maioria não estão a favor da reforma da Previdência, nem do desemprego, nem do corte de verbas para educação e saúde, nem aos ataques às liberdades democráticas.

Esse é o caminho para derrotar Bolsonaro. O outro caminho nos levará à derrota.

Precisamos construir uma alternativa revolucionária

Fotos Romerito Pontes

No calor da luta unificada, é necessário lutar por construir uma alternativa de organização, uma organização revolucionária da classe trabalhadora, que não se deixe corromper, que não faça alianças com a burguesia e que defenda a fundo o programa da revolução socialista. Um projeto que reafirme que a libertação dos trabalhadores será obra dos trabalhadores mesmos, que devem vir a governar através de conselhos populares, e não de “salvadores da Pátria”, que se propõem a conciliar com a patronal e seus partidos corruptos, para governar esse sistema podre que está aí.

A classe trabalhadora que tudo produz nesse país e no mundo não pode aceitar mais miséria e barbárie. Como diz o samba da mangueira, “queremos um país que não está no retrato”. Queremos um país e um mundo socialistas.