George Bezerra, de Fortaleza (CE)

Nos dias 29, 30 e 31 ocorrerão as eleições do Sindicato da Construção Civil de Fortaleza. Duas chapas estão inscritas. A Chapa 1 é a da Conlutas, composta por militantes do PSTU, PCB e ativistas independentes. Essa chapa representa a história combativa da categoria, a luta contra as reformas e a construção da Conlutas como uma nova entidade para a luta da classe trabalhadora brasileira.

A Chapa 2 é a da CUT, financiada pelo aparato cutista e pela prefeitura do PT, que colocou funcionários à disposição para as eleições. O que está em jogo é manter a tradição dos 18 anos de luta dos operários da construção civil e seu sindicato.
O clima das eleições já tomou conta dos canteiros de obra. No café da manhã, no almoço, na saída das obras e nas rodas de trabalhadores, o voto na Chapa 1 é o assunto mais comentado.

Em alguns canteiros, a chapa da CUT não consegue entrar. Os trabalhadores falam: “Não queremos mais saber de CUT”. A Conlutas vem ajudando com apoio financeiro e militantes, inclusive de outros estados.

Vitória histórica
Em 1988, os operários da construção civil de Fortaleza obtiveram uma grande vitória que repercutiu no movimento sindical do Ceará. Varreram da direção do sindicato a burocracia dirigida pelo pelego Mariano.

Naquela época, a CUT dirigia grandes lutas contra os patrões e os governos, batalhava pela independência financeira e política das organizações da classe trabalhadora e educava os ativistas no princípio do classismo. “O sindicato é dos trabalhadores e não dos patrões”, foi o discurso da chapa de oposição cutista, que conseguiu 4710 votos contra 666 da chapa dos pelegos.

Com uma direção combativa e independente dos empresários, os anos seguintes foram de muita luta. Por exemplo, a participação da peãozada na greve geral de 1989. Depois disso, a categoria se manteve paralisada, lutando por melhores salários e contra as condições precárias de trabalho.

Em 1995, depois de 23 dias úteis de greve, o piso salarial da categoria chegou a quase o dobro do salário mínimo. Nos últimos 11 anos, foram oito greves. Um número bastante elevado, considerando os planos neoliberais, o arrocho salarial, o medo do desemprego e o refluxo no movimento sindical da década de 90.
Gonzaga, diretor do sindicato e militante do PSTU, lembra que os trabalhadores bebiam água quente das torneiras e os peões cozinhavam a comida em latas.

Novo momento
Passaram-se 18 anos. O sindicato continuou na luta, mas a CUT mudou de lado. Hoje ela é co-autora da reforma sindical e trabalhista e defende o Super-Simples, que reduz direitos dos empregados das pequenas e médias empresas. Também faz parte do governo Lula e da prefeitura municipal de Luizianne Lins, que vem atacando os trabalhadores da cidade.

Devido às traições da central, a categoria desfiliou o sindicato da CUT e decidiu pela adesão à Conlutas, em agosto de 2004. Desde então, o sindicato tornou-se o principal ponto de apoio para a construção da Conlutas no Ceará.

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