Entrevistamos Valdir Martins, o “Marrom”, dirigente do Must, que nos falou sobre a importância da luta no Pinheirinho e os próximos passos em defesa da ocupação

Opinião Socialista – Como os moradores estão vendo a nova ameaça?

Marrom – Acima de tudo com disposição para resistir. Da forma que for necessário. Andando pelas ruas do Pinheirinho é fácil ver isto. Às vezes de uma forma desesperada: crianças nos procuram para dizer que não querem passar o Natal na rua e mães já disseram que preferem atear fogo em seus barracos do que vê-los ser derrubados pela polícia. Mas, acima de qualquer desespero, o que se vê é a vontade de lutar e a certeza da vitória. Toda ocupação está coalhada de bandeiras vermelhas, faixas e cartazes; as reuniões acontecem diariamente e não faltam voluntários para trabalhar na campanha. Até as tradicionais árvores de Natal, aqui no Pinheirinho, ganharam decoração especial, com nossas bandeiras de luta.

Quanto à campanha, o que está sendo feito?
Marrom – Nas reuniões que tivemos nas últimas semanas, decididos fazer uma ofensiva maior. Estamos programando novas marchas, vamos procurar as autoridades locais e, além disso, estamos encaminhando várias iniciativas de solidariedade, com todos que estejam dispostos a defender o direito dos moradores.

Qual tem sido a importância da solidariedade nesta luta?
Marrom – Total. O Sindicato dos Metalúrgicos, que tem sido um aliado de primeira-linha. Essa semana, depois da nova ameaça, os sindicalistas, além de participarem ativamente de todas atividades e reuniões, vão colocar, em todas as rádios e jornais da região, mensagens em apoio à nossa luta. Também todos os boletins que estão sendo distribuídos na base, trazem a discussão sobre a necessidade dos metalúrgicos se juntarem nesta luta. Algo que também está acontecendo não só nas demais entidades sindicais da região, como também em movimentos como o MST e a Central dos Movimentos Populares.

Qual é a importância desta luta?
Marrom – O Pinheirinho abriu um espaço muito grande na luta pela moradia na região e no país. Numa região onde já vários condomínios de luxo, sendo que somente dois deles são regularizados, e há mais de 140 loteamentos “clandestinos”, nossa ocupação se transformou numa referência. Em São José, o Pinheirinho é um desafio aberto contra o projeto de “higienização” social que foi projetado pelos tucanos. Essa idéia neoliberal e nojenta de “limpar” as favelas, expulsando seus moradores para as áreas mais distantes possíveis. Vencer aqui é dar ao Brasil um exemplo de que a luta por moradia e condições dignas de vida não só é necessária e justa, mas também é possível.

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