Foto Wilson Dias ABr
PSTU-MG

Gustavo Olimpio, de Contagem (MG)

Mais uma vez, milhares de estudantes foram fazer as provas do Enem envoltos no sonho de ingressar em uma boa universidade pública. No ano passado, Bolsonaro e seus discípulos, em sua cruzada ideológica contra a Educação, diziam que o Enem iria representar a marca da gestão, dizendo inclusive que verificaria pessoalmente as questões da prova. Sabemos bem que o objetivo era uma perseguição ideológica e não corrigir problema algum.

O Ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou que o exame deste ano foi o melhor já realizado. Logo após a sua declaração, apareceram centenas de estudantes questionando as notas divulgadas. Segundo o MEC, o erro das notas atingiu 5.974 inscritos, porém as denúncias ao Ministério da Educação estão na casa das 172 mil, as quais devemos somar as milhares que chegaram ao Ministério Público. Erros que jogam na lama o sonho daqueles que dedicaram tempo aos estudos para ingressar nas universidades.

Mesmo com esta enxurrada de denúncias, sem mesmo saber a dimensão do estrago, o Sisu, sistema em que aqueles que fizeram a prova se inscrevem para as milhares de vagas disponíveis nas universidades, foi aberto e, já no primeiro dia, já apresentava erros. O que para eles é tudo perfeito, para milhares é mais um ataque ao sonho da continuidade dos estudos. Pode ocorrer uma enxurrada de ações daqueles que se sentiram prejudicados e não há nenhuma transparência no processo.

Neste sentido, o que vem acontecendo agora, assim como as fraudes que já ocorreram, é a demonstração do fracasso desse sistema baseado na competição. Mais uma vez, fica evidente que esta prova, assim como os vestibulares, não serve. O Enem, ao contrário do que pensam alguns, não é uma solução para a garantia de oportunidades iguais.

Não há controle na elaboração das provas e em sua correção. Por isto os erros se perpetuam. Como não temos controle nas provas do Enem?  Não há nenhuma transparência e isto irá gerar mais um caos no processo. É apenas mandar seu CPF para o site do INEP? As injustiças irão se aprofundar, assim como os erros.

O Enem é questionado desde que nasceu, com os mesmos problemas que os vestibulares já apresentavam. Um grande emaranhando de questões que visa decidir o futuro dos jovens: um ou dois dias para decidir quem sabe ou não sabe. Isto é conhecimento? Uma prova de múltipla escolha não é um atestado de conhecimento, este processo é muito mais profundo. O Enem é a continuidade de políticas que vem se aprofundando desde 1990 de destruição da escola pública, é um instrumento seletivo que não passa de um rol de conteúdos que compara os alunos de diferentes regiões que deveriam ter o mesmo conhecimento.

Diversas escolas, inclusive as privadas, ao invés de transmitir um conhecimento que possibilitaria o acesso à cultura e à ciência passa a preparar exclusivamente para os dias das provas de múltipla escolha. A preocupação com o conhecimento vai para o ralo, é isto que os governos se preocupam, meros índices e números ao invés de se preocupar se houve melhora da qualidade da educação. O quantitativo é mais importante que a qualidade. A educação é transformada em uma grande competição e não um processo saudável de aprofundamento do conhecimento.

A solução para o problema do acesso às universidades é o aumento do investimento e a valorização da Educação Básica (Ensino Infantil, Fundamental e Médio), com a garantia de que todos pudessem aprender com igual qualidade. O gasto com Educação, tanto com o Ensino Básico como no Ensino Superior, é visto como custo em nosso país e não como investimento.

Podemos seguir o exemplo de alguns de nossos vizinhos como a Argentina. Na faculdade de Medicina da cidade de Rosário, não há vestibular e formas diferentes de acesso à universidade. E há outros exemplos espalhados pelo mundo.

Vivemos um caos no Governo Bolsonaro, onde o ministro da Educação não sabe nada de Educação. Na verdade, existe uma cruzada ideológica e uma perseguição aos lutadores da Educação, e nenhuma medida para solucionar os problemas que afligem a Educação pública. Esta cruzada visa apenas ser uma cortina de fumaça para os projetos que já vem sendo aplicados nas décadas passadas de transformação da Educação em um balcão de negócios.