Redação

Uma crise econômica e social sem precedentes se sobrepõe à crise da pandemia. Desemprego recorde de 14,6% no trimestre de julho a setembro (nos índices oficiais do IBGE) e uma inflação nos alimentos que, do início do ano até novembro, chega a 12%. O fim definitivo do auxílio emergencial, por sua vez, vai deixar ao léu mais de 40 milhões de pessoas a partir de janeiro.

É nesse cenário de tragédia social que o governo Bolsonaro-Guedes, junto com o Congresso Nacional, com Rodrigo Maia (DEM) à frente, quer impor um pacotaço de ataques que vai desde uma nova rodada de privatizações (leia mais na página 4), até a PEC emergencial e a reforma administrativa que atingem de forma dura os servidores e os serviços públicos, passando por uma nova rodada de retirada de direitos com a carteira de trabalho verde e amarela. Nas periferias, aprofunda-se o genocídio da juventude negra.

Passadas as eleições, é na luta que podemos derrotar essa política genocida de Bolsonaro e a guerra social imposta pelo Congresso Nacional, pelos governadores e pela grande maioria dos prefeitos que tomarão posse a partir de janeiro.

 

NA LUTA

Unidade da classe trabalhadora na luta

É urgente preparar a luta desde já, unificando todos os setores da classe trabalhadora e do povo oprimido com um programa emergencial em defesa da vida, dos empregos, da renda, dos direitos e da soberania. É importante a mais ampla unidade dos partidos e das organizações da classe trabalhadora numa frente única contra o governo e seu programa de morte e destruição; que possa colocar na ordem do dia o “Fora, Bolsonaro e Mourão!” e impor uma agenda de mobilizações rumo a uma greve geral combinada com outras formas de lutas.

Apostar as fichas numa saída eleitoral em 2022 como prioritária, em negociações no Congresso, ainda mais para construir um projeto de conciliação de classes, é apostar na derrota, da mesma forma que fazer acordos com a burguesia e partidos burgueses, como o PT faz na eleição da Câmara dos Deputados, na qual ameaça apoiar Maia ou o candidato de Bolsonaro. Ou a aproximação do PSOL com o PSB e o PDT. Esse é o sentido da frente ampla eleitoral que defendem para juntar todos sob um mesmo projeto político que só pode ser o mesmo defendido pela direita neoliberal, como por Maia, que, embora seja oposição aos arroubos mais autoritários de Bolsonaro, fecha com o programa de Guedes na íntegra.

Devemos chamar esses partidos e as demais organizações sindicais e populares para organizar a luta unificada e se opor aos ataques de Bolsonaro, de Guedes e do Congresso e a não conciliarem com as medidas de ajuste deles. Ao mesmo tempo, precisamos fortalecer a auto-organização da classe pela base nas fábricas, bairros e escolas; prepararmos a luta e tomarmos em nossas mãos esse processo, de maneira que possa ser levado com todos que queiram lutar ou construirmos as condições para que ela aconteça à revelia dos que preferem se manter nos limites da ordem.

 

PROGRAMA PARA LUTAR

Por vida, emprego, salário, direitos, terra, justiça, igualdade e soberania

– Vacina para todos já!

– Redução da jornada sem redução dos salários

– Manutenção do auxílio emergencial enquanto durar a pandemia

– Isenção de luz, água, IPTU e passe-livre para desempregados

– Redução e congelamento do preço dos alimentos

– Defesa do SUS, dos serviços públicos e dos direitos sociais e trabalhistas

– Demarcação de terras indígenas e quilombolas

– Reforma agrária radical, moradia e saneamento para todos

– Fim do genocídio negro!

– Desmilitarização da PM

– Não às privatizações! Tirem as mãos dos Correios, da Eletrobrás, da Petrobrás e das demais estatais.

 

CHEGA DE AJUSTE CONTRA OS POBRES!

Tirar dinheiro dos capitalistas

Dinheiro para garantir vacinas, emprego, renda, salários e condições de vida dignas para o povo trabalhador existe. O problema é que hoje tiram o dinheiro dos pobres, dos remediados, da classe média, dos serviços públicos e atacam a soberania do país para que um punhado de bilionários fiquem ainda mais ricos. É preciso acabar com essa sangria.

– Suspensão do pagamento da dívida aos banqueiros, fim da Lei de Responsabilidade Fiscal e criação de uma lei de responsabilidade social.

– Nenhuma privatização: pela reestatização das empresas privatizadas.

– Cobrança de imposto sobre grandes fortunas, incluindo taxação de 40% das riquezas dos 43 bilionários brasileiros, além de lucros, dividendos e patrimônio das 100 maiores empresas.

– Estatização do sistema financeiro sob controle dos trabalhadores

 

Por um governo socialista dos trabalhadores

Para mudar de fato a vida da classe trabalhadora, é preciso ter como estratégia a derrubada do sistema capitalista que só nos reserva o desemprego, a morte e a miséria. Em seu lugar, precisamos construir um governo socialista dos trabalhadores, que governe em conselhos populares, e ter outra sociedade, com pleno emprego, saúde e justiça para todos.