No dia 6 de setembro, o dirigente do MST José Rainha Júnior voltou a ser preso devido a sua militância política nas ocupações de terras. A prisão ocorreu em um posto de gasolina de uma rodovia em Mirante do Paranapanema, a 530 km de São Paulo. Além de Rainha, outros quatro dirigentes do MST tiveram a prisão preventiva decretada.

A prisão é claramente por motivos políticos, o que se confirmou pelas falas da polícia. O diretor do Deinter-8 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior), Dirceu Urdiales, deixou claro que os motivos da prisão são porque o dirigente teria organizado a ocupação de uma fazenda na região do Pontal do Paranapanema e por suas “recentes declarações“ prometendo novas ocupações de terra. O delegado de Mirante do Paranapanema, Roberto Miguel, disse ainda a Rainha que ele estaria sendo detido “para manter a ordem pública“.

Mesmo com a prisão de Zé Rainha, o MST afirmou que vai garantir o calendário de ocupações de terras anunciado para este mês no Pontal do Paranapanema. A agenda de ocupações, protestos, marchas e bloqueios de agências bancárias deve começar no dia 26.

Para outros…
Enquanto isso, na mesma semana da prisão de Zé Rainha, o fazendeiro Norberto Mânica, acusado de ser o mandante do assassinato de três auditores fiscais e de um motorista, recebeu da Justiça um habeas corpus para responder pelo crime em liberdade. O crime ocorreu no dia 28 de janeiro de 2004, próximo à cidade de Unaí, em Minas Gerais, onde os fiscais realizavam ações de fiscalização nas fazendas da região. Com a libertação de Mânica já são quatro os acusados do crime que aguardam o julgamento em liberdade. Como se vê, a Justiça serve para proteger uma elite, para que fazendeiros assassinos de trabalhadores nunca tenham que ir para a cadeia pagar por seus crimes.

Criminalização dos movimentos sociais
As prisões das lideranças do MST são políticas e a Justiça do Pontal é parte do jogo, atuando para proteger os fazendeiros da região. O governo estadual do tucano Alckmin, assim como o governo Lula, têm que ser responsabilizados pela impunidade concedida aos grandes latifundiários e pela perseguição aos lutadores. A criminalização dos movimentos sociais é mais uma forma de proteger a elite do país, usando, para isso, a força policial contra os trabalhadores e movimentos sociais.

O governo Lula, que não faz a reforma agrária e não pune fazendeiros assassinos, tem que ser responsabilizado por isso tanto quanto o governo Alckmin, que comanda a polícia e a Justiça paulista em suas ações contra o MST. É preciso que todo o movimento social faça uma campanha pela libertação de Zé Rainha e dos demais sem-terra e presos políticos do país, contra a criminalização dos movimentos e pela punição dos latifundiários assassinos.