Diante das ameaças de demissões da CSN, o Sindicato dos Metalúrgicos, dirigido pelo PCdoB, fala em “colaboração” e aceita licenças e até banco de horas. Há algumas semanas, sindicato havia feito acordo vergonhoso com a Peugeot, aceitando a redução de 25% Segundo informações da imprensa local, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), maior siderúrgica da América Latina e uma das cinco maiores do mundo, pretende demitir 3 mil operários de seu efetivo próprio (1.200 em dezembro e 1.800 em janeiro de 2009). Com esse corte, a empresa levaria também a redução de 60% a 80% do volume de serviços das empreiteiras contratadas, provocando até outras cinco mil demissões. Ao todo, oito mil trabalhadores perderiam o emprego.

A CSN chantageou o sindicato dos metalúrgicos, dirigido majoritariamente pelo PCdoB, a aprovar na base dos trabalhadores, num prazo de 24 horas, quatro medidas emergenciais para reduzir os gastos com pessoal: a primeira medida seria o retorno ao turno de revezamento de 8 horas (um número significativo de trabalhadores conquistou recentemente na Justiça a jornada de 6 horas de trabalho); o banco de horas extras; redução de benefícios; e, licença remunerada com redução da base salarial.

Sindicato faz o jogo dos patrões
O sindicato dos metalúrgicos, de maneira vergonhosa, sem esboçar qualquer tipo de reação ou fazer apelo a base para repudiar essa afronta, aceitou passivamente parte das imposições da CSN. No final da tarde da quinta-feira, dia 11 de dezembro, em uma assembléia totalmente esvaziada no portão da siderúrgica, com a presença de menos de 200 trabalhadores, os diretores sindicais prestavam um triste desserviço para a história da classe operária brasileira, particularmente do Sul Fluminense. Tentaram convencer os metalúrgicos da necessidade de “colaborar” e evitar “radicalismo” nesse período de crise.

Como não poderia deixar de ser, após uma breve encenação, o sindicato criticou teatralmente a “ganância” de Benjamim Steinbruch (presidente da CSN e membro do Conselho Econômico e Social do governo Lula), passando a se contradizer e a defender a seguinte proposta apresentada por escrito aos trabalhadores:

“Que a CSN facilite a demissão daqueles que quiserem se desligar da empresa; que a CSN agilize o processo de aposentadoria dos empregados com tempo para se aposentarem; que a CSN conceda licença remunerada aos empregados; FÉRIAS COLETIVAS; férias concentradas; plano de demissão incentivada (PDI); PLANO DE DEMISSÃO VOLUNTÁRIA (PDV); BANCO DE HORAS; minimizar dividendos e estabilidade durante o período de medidas emergenciais, só havendo demissão por justa causa ou para aqueles que desejarem se desligar da empresa.”(Diário do Vale, 12/12/2008).

Com a assembléia esvaziada, sem a presença da vanguarda lutadora, somado a capitulação aberta do sindicato aos interesses da empresa, além do número significativo de gerentes ligados ao setor de Recurso Humanos, os trabalhadores foram forçados a aprovar a proposta unificada do sindicato e da CSN.

Metalúrgicos da Peugeot tem 25% de seu salário reduzido
A ofensiva da CSN e das empreiteiras tinha um fundamento. Elas também querem o que o sindicato negociou com a Peugeot, para sua fábrica na cidade de Porto Real, no Sul Fluminense. Há algumas semanas, o sindicato aceitou um acordo que reduziu em 25% o salário de 700 trabalhadores do 3º turno, colocados em férias coletivas por 4 meses pela montadora. Além disso, os 3,5 mil trabalhadores estão em férias coletivas, do dia 8 deste mês até 7 de janeiro.

O sindicato consegue a proeza de errar duas vezes ao mesmo tempo. Primeiro, criando a ilusão nos trabalhadores de que essa crise é passageira e logo todos voltarão a seus postos de serviço. É o mesmo discurso de patrões, como o presidente da Vale, Roger Agnelli, que defende “medidas de exceção”, como flexibilização de direitos. Segundo, porque o sindicato impede qualquer tipo de mobilização e ação direta dos trabalhadores para defender seu empregos, direitos e salários.

Oposição mobiliza nos portões das fábricas
Durante novembro e dezembro, a Oposição Metalúrgica, ligada à Conlutas, percorreu as maiores siderúrgicas e montadoras da região, como Volkswagen, Votorantim e Saint Gobain, distribuindo milhares de panfletos aos trabalhadores sobre os efeitos da crise econômica e a necessidade de lutarmos.

Diante dos ataques da CSN e das empreiteiras, e frente a traição do sindicato de “rifar” direitos e conquistas históricas dos operários, a oposição está fazendo um chamado a base para que exija de sua entidade o rompimento dessa política de conciliação de classes, ao mesmo tempo que defende a formação de um comitê democrático que reúna sindicatos, associação de moradores, comissão de cipeiros, partidos operários para defender a estabilidade no emprego e combater qualquer tipo de retirada de direitos e redução salarial. Para colocar em prática um plano de luta unificado, a oposição propõe um grande encontro dos movimentos sociais da região no início de 2009.