Ato do Dia Internacional das Mulheres em 2015
Secretaria de Mulheres do PSTU

Em todas as partes do mundo, nós mulheres trabalhadoras somos vítimas da desigualdade, do machismo, e da exploração capitalista. Em meio à pandemia e a crise, são os setores oprimidos da classe que sentem com um peso muito maior as mazelas desse sistema. A situação das mulheres é cada vez mais dramática, seja pela explosão da violência doméstica e dos feminicídios, mas também pela falta de direitos, pelo aumento desemprego e da pobreza, da dupla jornada e da sobrecarga de cuidados e afazeres domésticos.

No Brasil, além da crise sanitária e econômica, temos que conviver com um governo genocida, machista, racista, LGBTfóbico e que ainda por cima defende uma ditadura no país. Sua política já condenou mais de 250 mil brasileiros à morte pela Covid-19. Seu discurso de ódio contra os setores oprimidos, potencializa a violência contra as mulheres e os feminicídios, o racismo e a violência contra negros, indígenas e LBGTs.

Sob o governo Bolsonaro cresceu a violência doméstica e os feminicídios, bem como os estupros e outras formas de violência contra mulheres. Somente em São Paulo uma mulher foi morta a cada 2 dias pela violência machista durante a pandemia, já o assassinato de pessoas trans aumentou 40% em 2020. As mulheres negras são as principais vítimas, pela combinação de machismo e racismo.

O aumento do desemprego e do custo de vida ampliou a miséria e aprofundou as desigualdades de classe, raça e gênero. Mais da metade das mulheres estão fora do mercado de trabalho e as que conseguiram manter seus empregos são obrigadas a lidar com a dupla jornada e a sobrecarga dos afazeres domésticos. Como maioria na linha de frente da Covid e nos serviços essenciais enfrentamos péssimas condições de trabalho e a falta de vacinas. Com fim do auxílio emergencial, milhares de famílias, muitas chefiadas por mulheres, ficaram sem ter nem mesmo o que comer.

Enquanto Bolsonaro e Pazuello atrasam a vacinação e facilitam o colapso do sistema de saúde, a ministra Damares, apoiada em organizações fundamentalistas e de extrema-direita, promove uma ofensiva ideológica conservadora, ao mesmo tempo em que desmonta políticas públicas para as mulheres e impõe mudanças na legislação que ataca direitos sexuais e reprodutivos, como a portaria que dificulta o acesso ao abortamento mesmo nos casos já garantidos por lei. Paulo Guedes, por sua vez, avança nas privatizações e na reforma administrativa e quer acabar com piso mínimo em saúde e educação.

Junte-se a isso a hipocrisia de governadores e prefeitos que apesar do discurso de oposição ao negacionismo de Bolsonaro, na prática se recusam a promover a quarentena com garantias econômicas, usam a vacina como moeda eleitoral (como Dória em São Paulo), e mantém tudo funcionando mesmo com o aumento de mortes, decretando inclusive o retorno das aulas presenciais. Profissionais de educação de vários estados, uma categoria majoritariamente feminina, estão decretando greve sanitária para não exporem suas vidas, seus alunos e familiares ao risco de contaminação.

É nesse marco de ataques, e da necessidade de derrotar esse governo e seu projeto de morte, que em todo o país as mulheres estão se organizando para o 8M. Somos parte dessa construção e defendemos a mais ampla unidade para derrotar Bolsonaro-Mourão, contra a violência e por direitos, por vacina para toda a população e a volta do auxílio emergencial já! Podemos e devemos transformar esse dia numa alavanca para um processo de lutas da classe trabalhadora com as mulheres na vanguarda, para botar pra fora esse governo e seus aliados.

Mas se essa unidade é necessária, é preciso nos organizarmos com independência de classes. Primeiro porque não será por meio de alianças com setores da burguesia “progressistas” como Luiza Trajano, visando as eleições, como defende o PT, ou canalizando todo o descontentamento das mulheres e o ascenso para eleger candidaturas feministas como faz o PSOL que que vamos derrotar Bolsonaro e seu projeto.

Segundo porque não será sob esse sistema decadente que vamos conquistar nossa libertação ou mesmo garantir nossos direitos democráticos que no capitalismo estão permanentemente ameaçados. Para ser consequente na luta contra o machismo é preciso lutar também contra o capitalismo, que é a fonte de toda a opressão que sofremos como mulheres e como trabalhadoras.

Na luta contra o capitalismo precisamos unir toda a classe trabalhadora, mas não é possível unir a classe quando nós mulheres somos massacradas por nossos próprios companheiros que produzem e reproduzem a opressão. Por isso nesse 8 de março chamamos também os homens trabalhadores a romper com seu machismo e lutar conosco por nossas demandas.

Ato no 8 de março em 2019. Foto Romerito Pontes

A burguesia utiliza as opressões para nos dividir e ampliar seus lucros por meio da superexploração de setores da classe, seja pagando salários menores para as mulheres, negros e imigrantes; submetendo as mulheres trabalhadoras à dupla jornada e/ou a sobrecarga de cuidados e afazeres domésticos não remunerado; ou mantendo um exército de desempregadas e desempregados que para não morrer de fome aceitam trabalhos precários e sem direitos.

Na luta para unir a classe e derrotar esse sistema de exploração e opressão, os homens trabalhadores precisam fazer a sua parte, romper com seu próprio machismo e lutar ao lado das mulheres contra a desigualdade e o machismo, contra a violência e por direitos democráticos. Já nós mulheres trabalhadoras, temos que nos organizar junto da nossa classe, combinando a luta contra o machismo à luta para por fim ao sistema capitalista.

Nesse 8 de março fazemos uma chamado a todas as mulheres trabalhadoras a se somarem conosco nessa batalha e nos levantarmos contra o machismo e a exploração, fortalecendo um polo classista, socialista e revolucionário, à serviço da luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão, por nossas vidas e nossos direitos, pelo fim da violência e do machismo, pela legalização do aborto, por emprego e vida digna, salário igual para trabalho igual, pela socialização do trabalho doméstico, por vacina e auxilio emergência já!

Basta de opressão e exploração!

Pelo fim da violência e dos feminicídios!

Por emprego, salário e direitos. Igualdade de oportunidade, salário igual para trabalho igual!

Educação sexual para prevenir, contraceptivo para não engravidar, aborto legal e seguro para não morrer!

Socialização do trabalho doméstico. Creches e escola em tempo integral, lavandeiras públicas e restaurantes comunitários, responsabilidade igual entre homens e mulheres na educação dos filhos e cuidado com a casa!

Por nossas vidas, vacina para toda a população e auxílio emergencial já!

Fora Bolsonaro-Mourão!

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