Foto: Marcos Corrêa/PR
Redação

Quando se acreditava que não havia mais condições de Bolsonaro sabotar a vacinação e atentar contra a saúde e a vida dos brasileiros, o genocida responsável pela maior parte das mais de 600 mil mortes sempre dá um jeito de se superar. Após sua empreitada contra a exigência da vacina para a entrada de estrangeiros no país, Bolsonaro se volta contra a vacinação de crianças, medida fundamental não só para proteger esse público, como também para debelar a transmissão do vírus e pôr fim à pandemia.

Na última quinta-feira, 16, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a liberação da vacina Pfizer para crianças a partir dos 5 anos. Até então, a vacina era aplicada somente até os 12 anos. A orientação é a mesma adotada por pelo menos 31 países, incluindo os Estados Unidos e a Agência Europeia de Medicamentos (EMA), que autorizou a vacinação desse público em novembro.

A autorização provocou a fúria de Bolsonaro. No mesmo dia, durante sua live semanal, o presidente ameaçou divulgar os nomes dos técnicos responsáveis pela liberação da vacina. “Eu pedi, extraoficialmente, o nome das pessoas que aprovaram a vacina para crianças a partir de cinco anos, queremos divulgar o nome dessas pessoas para que todo mundo tome conhecimento quem são essas pessoas e obviamente forme seu juízo“, declarou.

Bolsonaro não fez esse anúncio à toa. Em outubro, cinco diretores da Anvisa foram ameaçados de morte caso aprovassem a vacinação em crianças. Quase dois meses após as ameaças, a Polícia Federal não havia respondido ao pedido da agência para a proteção dos técnicos e diretores mais visados. A associação dos servidores da Anvisa, Univisa, emitiu uma nota em que afirma que divulgar as identidades dos técnicos envolvidos na análise técnica “mostra-se como ameaça de retaliação que, não encontrando meios institucionais para fazê-lo, vale-se da incitação ao cidadão, método abertamente fascista e cujos resultados podem ser trágicos e violentos, colocando em risco a vida e a integridade física de servidores da Agência“.

Queiroga capacho e cúmplice

Diante do anúncio da Anvisa, e da ameaça de Bolsonaro, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, não se furtou de dar nova mostra de sua capachisse e cumplicidade do negacionismo do chefe. Negou a vacinação do público infantil em 2021, e disse ainda que a liberação das doses às crianças passará por outra avaliação, desta vez do Ministério da Saúde. “A avaliação da Anvisa é uma, a avaliação da câmara do Ministério da Saúde é outra“, declarou à imprensa.

Em setembro, Bolsonaro já havia pedido, e Queiroga aceitado, a interrupção da vacinação dos adolescentes de 12 a 18 anos, baseado em fake news. A medida foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a exemplo do que ocorreu recentemente com a exigência da vacina para a entrada de estrangeiros no país.

É consenso na comunidade científica que a vacinação de crianças não só ajuda a proteger esse público da covid-19, em que pese apresentarem, na grande maioria das vezes, sintomas mais leves, mas, principalmente, ajuda a interromper a transmissão do vírus e, por consequência, a debelar a pandemia. Apesar de menos crianças terem sintomas graves, elas continuam a transmitir e a disseminar a vírus.

Genocídio prossegue: Fora Bolsonaro e Mourão

Bolsonaro vê sua popularidade derretendo na esteira da pandemia, e da profunda crise econômica e social. Com a reeleição ameaçada, segura-se na sua base social de extrema-direita, negacionista e terraplanista. Não vai medir esforços para atender esse público, cujo apoio é fundamental não só para a disputa eleitoral, mas para uma eventual saída “extra-institucional” que tente no futuro. Isso é o que baseia sua guerra à Anvisa, às vacinas, às máscaras, ao passaporte vacinal e qualquer outra medida de prevenção e combate à pandemia.

Quanto mais tempo continuar no poder, Bolsonaro será a variante mais perigosa e letal do vírus.