Outra das propostas amplamente difundidas no Fórum foi a de uma “economia solidária”. Esta é uma tentativa de concretização da proposta já conhecida de “uma economia capitalista voltada para o mercado interno”, em contraposição à globalização.

Segundo essa proposta, a alternativa seria a generalização de associações auto-gestionárias, cooperativas, organizações de consumo ético, Bancos do Povo, grupos de compras solidárias, movimentos de boicote e cozinhas comunitárias.

No entanto, essa proposta também se choca com a realidade da economia mundial controlada por grandes empresas multinacionais. Os defensores dessa proposta nada dizem sobre as grandes empresas e bancos. Uma economia apoiada em pequenas empresas seria retornar ao passado. Como dizia Rosa de Luxemburgo, sua “realização geral implica a supressão do mercado mundial e o parcelamento da atual economia mundial em pequenos grupos de produção e troca localizados; em suma: tratar-se-ia do retrocesso do capitalismo para a economia mercantil da Idade Média”.

Como toda a proposta de desenvolvimento capitalista “voltado para o mercado interno”, não explica o que fazer com as grandes empresas imperialistas que controlam os países e não querem “aumentar os salários para desenvolver o mercado interno”. Ou se expropria essas empresas entrando num curso anticapitalista ou a situação segue exatamente como está.

Para encobrir sua impotência em responder a essa questão, os defensores da “economia solidária” fizeram propostas como “um Banco Mundial ético” e “uma Organização Mundial do Comércio justa”. Valeria também acrescentar a defesa do poder para o coelhinho da Páscoa e o Papai Noel.

A taxa Tobin, uma solução para a especulação financeira?

Outro dos ícones da maioria do Fórum é a defesa da taxa Tobin. Em 1978, James Tobin, prêmio Nobel de Economia de 1981, fez uma proposta de uma taxa que incidiria sobre as transações cambiais especulativas. Os defensores dessa taxa opinam que ela seria um freio à especulação financeira e ao mesmo tempo um enorme “fundo para combater a pobreza”, que seria administrado com a democratização das instituições internacionais atuais (como o FMI “democratizado”). A dimensão dessa taxa varia entre seus defensores, entre 0,1 e 1%, ficando em geral em torno de 0,25%.

Essa taxa, no entanto, incidiria apenas sobre uma parte do movimento de capitais (as transações cambiais, de especulação com as moedas), deixando de lado todo o enorme movimento de capitais especulativos com os títulos das dívidas públicas, assim como as ações das bolsas. Trata-se de uma proposta cosmética, que em nada alteraria o controle totalitário e parasitário dos grandes bancos e empresas imperialistas sobre as finanças mundiais.

A experiência negativa dos “fundos” com objetivos sociais já é presente em nossos países. A CPMF (aliás, com uma taxa maior e mais abrangente) também foi criada para “possibilitar investimentos para a saúde”. A situação dos hospitais públicos brasileiros responde por si só aos defensores da taxa Tobin.

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