A Carta do encontro foi votada por 345 pessoas
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No último final de semana, foi realizada em São Paulo a “Assembléia Popular”, convocada pela esquerda da CUT, PSOL e alguns outros grupos. A composição da reunião era heterogênea, mas o objetivo central da direção da “Assembléia” era se tornar uma alternativa à Conlutas. Não conseguiram.

Nos debates estiveram presentes entre 400 e 500 pessoas, menos que os “800 participantes” anunciados pela mesa e bem menos que os milhares esperados.
A Carta do encontro foi votada por 345 pessoas, com 79 votos contrários e dez abstenções.

Um setor minoritário esteve contra o caráter da Carta, que afirma, depois de críticas corretas ao governo Lula, que a Assembléia Popular “não pretende concorrer com entidades existentes”. Isso significa, num português claro, não concorrer com a CUT e a UNE. Isso tem um significado muito preciso: os setores da esquerda da CUT presentes não pretendem romper com central, apesar do caráter chapa branca da CUT governista.

Vários membros da atual executiva da CUT e seus respectivos grupos estavam nessa discussão extremamente importante. Está mais do que óbvio que não se pode organizar a luta contra a burguesia e o governo por dentro da CUT. A permanência no interior da central termina por legitimar o governo Lula, que é apoiado entusiasticamente pela CUT.

A “Assembléia Popular” se propõe a reunir setores que estejam ou não na CUT. Como a defesa da permanência pura e simples nessa central já é cada vez mais insustentável, a “Assembléia Popular” serve como cobertura para que essas correntes sigam na CUT e para tentar criar um obstáculo à construção da Conlutas.
Não é por acaso que os grandes promotores da “Assembléia”, a corrente Sol (do PSOL) e Jorginho (da esquerda da CUT), fazem uma campanha aberta contra a Conlutas. Boicotaram os atos da Coordenação, como no dia 16 de junho do ano passado, e pouco contribuíram para a manifestação de 17 de agosto deste ano em Brasília. Falam em “unidade”, mas não a aplicam quando se trata de lutar contra o governo.

Querem evitar a formação da Conlutas como uma nova organização nacional, alternativa à CUT. Não é por acaso que essa “Assembléia” marcou um novo encontro para abril do ano que vem. O objetivo é criar um contraponto à convocatória já feita do Congresso Nacional da Conlutas, marcado para o final de abril de 2006.
Ao final da “Assembléia” foi realizado um ato de ruptura com o PT e adesão ao PSOL de uma boa parte desses setores que seguem dentro da CUT. Na verdade, a convocatória da “Assémbleia” nesta data, justo no final do prazo de filiação aos partidos para as eleições do ano que vem, teve o propósito de servir ao fortalecimento de um partido, o PSOL. Certamente vão fortalecer a ala anti-Conlutas desse partido.

Outros setores do PSOL, que estão realmente engajados na construção da Conlutas, estiveram na “Assembléia”. Achamos que eles não podem seguir compactuando com essa manobra. Também esteve presente um setor de companheiros lutadores, do qual se esperava a proposta de uma perspectiva de unidade real para o movimento, o que não se deu.

De nossa parte, seguiremos chamando a todos os setores reunidos na Assembléia Popular a que rompam com a CUT e venham conosco construir a Conlutas.

Post author Luis Carlos Prates, o “Mancha”, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP)
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