Os massacres e a resistência estão reacendendo o sentimento anti-imperialista no mundo inteiro. Os governos aliados – Inglaterra, Itália, Espanha e Japão – têm um tremendo problema interno: estão sofrendo manifestações em seus países que exigem a retirada imediata das tropas. Cada um dos que seguiram diretamente a Bush na invasão do Iraque ou mandaram tropas depois estão passando por difíceis momentos internos.
O caso mais claro é a Espanha. A derrota eleitoral do governo Aznar acentuou o atoleiro imperialista porque quebrou a espinha dorsal dos três primeiros aliados (EUA, Grã Bretanha e Espanha), conhecidos como os Três de Açores devido à reunião realizada naquela ilha no início da guerra. Foi, até agora, a mais importante derrota imposta pelo movimento de massas a um dos governos que lançaram a guerra e a ocupação do Iraque. Além disso, as grandes manifestações de 20 de março contra a guerra e pela retirada das tropas já mostraram esse momento. O movimento de massas e a repulsa das populações desses países estão colocando os governos em uma situação cada vez mais difícil. Alguns governos já estudam como sair ou estão em crise para manter-se, como a Polônia e a Tailândia, e como atestam as manobras de Zapatero para tentar manter as tropas “se a ONU se faz responsável”.

Nos EUA, a situação (resistência armada em um país ocupado, sintomas de crises no exército, protestos da população) trazem à memória o fantasma do Vietnã. O debate sobre a situação no Iraque e a política de Bush continua a estender-se cada vez mais na própria burguesia. O senador democrata Edward Kennedy declarou que o Iraque já é “o Vietnã de Bush”. Além disso, o Congresso está investigando a responsabilidade de Bush e da CIA nas falsas acusações de que Saddam possuia armas de destruição em massa. Uma comissão começou a demonstrar que Bush sequer tentou evitar os atentados de 11 de setembro. A máxima assessora de segurança nacional norte-americana, Condoleezza Rice, teve de explicar-se perante a comissão, e foi hostilizada por familiares das vítimas, algo inimaginável há dois anos.

Assim, o pesadelo para Bush de uma combinação entre oposição interna e resistência tenaz nas terras ocupadas está se tornando realidade. Por um lado, como defende a opção reserva do imperialismo, o candidato democrata a presidente John Kerry, e a ampla maioria dos senadores democratas, o imperialismo não pode retirar-se do Iraque sob pena de perder qualquer possibilidade de impor seu domínio ao conjunto do Oriente Médio. Por outro, a situação exige que faça um acordo com a ONU para que esta o sustente e ajude a manter ali um governo títere e um novo exército “iraquiano” como garantia de seus interesses. Mas suas ações violentas contra a população vão na contramão dessa possibilidade.

Esse é mais um motivo pelo qual consideramos completamente equivocada a posição daqueles que propõem a intervenção da ONU como forma de obter uma saída favorável ao povo iraquiano. Levantam até mesmo o “perigo de guerra civil” para justificar a permanência de tropas estrangeiras sob o comando da ONU. As massas iraquianas estão mostrando o caminho da unidade contra o inimigo comum, o imperialismo, que trabalha para tentar dividir a população e assim justificar a ocupação.

  • Com ONU ou sem ONU, nem um dia mais no Iraque!
  • Exijamos a retirada imediata e incondicional das tropas.
  • Apoiemos a resistência iraquiana até a completa derrota e a expulsão das tropas imperialistas.
  • O Iraque para os iraquianos!

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