Jogo viciado da democracia dos ricos permite a eleição de notórios corruptosAs eleições trouxeram o que para alguns seria uma grande surpresa. Notórios picaretas e antigos corruptos envolvidos em célebres e, por que não, históricas maracutaias foram eleitos para o Congresso Nacional. Tudo isso, apesar da forte campanha de mídia desencadeada pelos partidos, pela grande imprensa, comentaristas políticos etc., que apostavam na “cassação pelo voto“. Diziam que as eleições “depurariam“ o Congresso e a política brasileira. No entanto, muitos parlamentares que renunciaram no ano passado para fugir da cassação voltaram ao Congresso acompanhados por verdadeiros símbolos da corrupção nacional. Um fato que expõe de forma inequívoca qual é o real funcionamento da democracia dos ricos e corruptos.

Elle voltou…
Um dos maiores medalhões da corrupção do país, o ex-presidente Fernando Collor de Melo, foi eleito senador por Alagoas e vai ficar com a vaga de Heloísa Helena. Com uns quilinhos a mais e cabelos pintados, Collor, contudo, não abandonou seu velho estilo “minha gente“ de fazer política e teve sua eleição assegurada por meio dos velhos acordos políticas entre as oligarquias, os coronéis do estado, além do controle de sua família de parte da imprensa local. Collor sofreu o impeachment em 1992, depois das mega manifestações populares Brasil afora. Foi uma luta difícil, mas que orgulha uma geração. Milhares foram às ruas exigir o “Fora Collor“. De volta ao poder, o ex-presidente agora declarou que vai fazer campanha para Lula.

…mas não veio sozinho
Outro notório corrupto que retornou é Paulo Maluf (PP), o deputado federal mais votado pro São Paulo, com mais de 729 mil votos. O ex-prefeito da capital paulista é réu em processos criminais por lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. Responde ainda ações por má gestão pública. Maluf chegou até ser preso no ano passado, num golpe midiático para desviar as atenções sobre o escândalo do mensalão. Com o mandato ele terá imunidade e não poderá ser preso pelos crimes que cometeu.

Outro que conquistou um salvo-conduto para não ir para a cadeia é o ex-ministro Antonio Palocci (PT). Pouco antes de ser eleito deputado federal com mais de 147 mil votos, Palocci teve a prisão preventiva decretada O grupo é acusado de superfaturamento no sistema de limpeza de Ribeirão Preto de 20001 a 2004, esquema conhecido como Máfia do Lixo. Além disso, Palocci é investigado no caso da quebra de sigilo bancário do caseiro Francinildo.

Deputados envolvidos no esquema no mensalão também retornaram em grande estilo. João Paulo Cunha foi o candidato petista a deputado federal mais votado em São Paulo. Ele sacou R$ 50 mil de uma conta da agência do banco Rural em Brasília, mantida por Marcos Valério, o principal operador do mensalão. Mas a lista de mensaleiros não pára por ai. Valdemar da Costa Neto (PL), José Mentor (PT) e até José Genoino (PT) conseguiram se eleger e ganhar imunidade.

Apesar de estar no centro do escândalo do dossiê, Ricardo Berzoini, presidente do PT, também ganhou uma vaga na Câmara Federal.

Jogo viciado
O Congresso é um reconhecido espaço de corruptos. É lá que se negociam os direitos dos trabalhadores e se aprovam lei em favor dos ricos na base da compra de votos e dos lobbies entre parlamentares, banqueiros, latifundiários e empresários.

Esses senhores financiam as campanhas eleitorais dos picaretas e cobram a fatura depois das eleições. Para garantir a dominação, a democracia burguesa cria a falsa idéia de que o povo decide tudo com o voto, de que basta votar para se livrar da corrupção e “limpar a política“. Ouvimos muito essa história antes das eleições. Mas isso é mais uma farsa. As regras da democracia dos ricos são viciadas e permitem o retorno de picaretas.

Parlamentares podem renunciar para fugir da cassação, se candidatar apoiados por uma imensa máquina eleitoral que garante o clientelismo e financiamentos milionários para as suas campanhas. Terminam assim se elegendo. O “novo Congresso“ foi eleito sob as normas atuais, ou seja, na base de campanhas milionárias, no clientelismo, no cabresto, na manipulação da mídia etc.

O “novo“ Congresso continuará roubando e ganhou agora um novo time de corruptos para a tarefa. Além disso, o deputados continuarão fazendo semanalmente leis contra o povo.