Mais uma violenta ação da PM em São Paulo demonstra claramente a escalada repressiva levada a cabo contra os movimentos sociais. Na madrugada do dia 22, a tropa de choque da polícia invadiu e retirou de forma truculenta mais de 300 manifestantes que ocupavam pacificamente a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, no centro da cidade.

A ocupação fazia parte da semana de Jornada de Luta em defesa da educação pública, impulsionada pelo MST e entidades como Conlute, Andes e UNE. Como foi amplamente divulgado, a manifestação no Largo de São Francisco duraria 24 horas e o prédio seria desocupado em seguida.

Isso, no entanto, não arrefeceu a violência policial. Os PMs chegaram com arma em punho por volta das 3 horas e, sem qualquer diálogo ou tentativa de negociação, expulsaram os estudantes e trabalhadores que dormiam no local. Os manifestantes foram levados através de quatro ônibus para a delegacia na Sé onde foram fichados. Alguns ativistas foram agredidos no momento da invasão policial.

A ação teria sido motivada por um pedido do diretor da faculdade, João Grandino Rodas à polícia. A desocupação ocorreu sem mandado judicial e contou com a presença do próprio secretário de Segurança Pública, Ronaldo Marzagão e o secretário de Justiça, Luiz Antonio Marrey, mostrando que a violência contra os estudantes foi comandada pessoalmente pelo governador José Serra.

Até o momento da desocupação, o ato transcorria tranqüilamente. Na noite anterior, inclusive, a ocupação recebeu o cantor Tom Zé, que tocou para os estudantes. A violência e selvageria da PM causaram indignação até mesmo entre a imprensa que tentava cobrir a ação. Toda a área foi interditada e os estudantes ficaram isolados. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a operação contou com 69 policiais do Batalhão de Choque e da Força Tática.

Repressão vira rotina
Após a violenta desocupação de estudantes no campus da Unesp em Araraquara (SP), a repressão aos movimentos sociais e especialmente estudantil está se tornando rotina. A truculência habitual da Polícia Militar recrudesce a cada dia numa ação deliberada para coagir qualquer tipo de manifestação.

Tal ação, no entanto, não ocorre de forma isolada, mas insere-se num contexto de aumento da repressão aos trabalhadores de forma geral. A recente greve dos metroviários na cidade foi respondida com demissões e um ato de metalúrgicos da Cosipa foi selvagemente reprimida. Além disso, dentro dos próximos meses o governo Lula tenta aprovar a lei que na prática proíbe o direito de greve no setor público.