Mobilizações pela anulação das demissões e reestatização da empresa ganham forçaOs trabalhadores da Embraer, o Sindicato dos Metalúrgicos e a Conlutas deram seqüência à jornada de lutas contra as demissões na empresa, iniciada logo no dia em que foi anunciado o corte de 4.270 funcionários.

No dia 27 de fevereiro já havia sido realizada uma manifestação que reuniu seis centrais sindicais na portaria da Embraer. No último dia 3 de março uma caravana formada por trabalhadores demitidos e dirigentes sindicais saiu do Vale do Paraíba direto para Brasília. Na capital federal, realizaram no dia 4 uma manifestação pela reintegração dos demitidos e a reestatização da empresa em plena Esplanada dos Ministérios. Conseguiram atrair a atenção da imprensa e forçar a realização de uma audiência com o presidente Lula no Palácio do Planalto.

Lula não garante reintegração
A reunião com o presidente durou cerca de uma hora. Munidos de documentos da própria Embraer, os representantes dos trabalhadores apresentaram a Lula dados que comprovam os lucros da empresa, as comissões milionárias pagas aos seus executivos e a extenuante jornada de trabalho (leia mais na página 8).

A comissão reivindicou a reestatização da Embraer caso a empresa não anule as demissões. Lula respondeu que entraria em contato com o presidente da empresa para tratar sobre as demissões, mas não fez nenhum comentário sobre a reestatização, afirmando ainda estar “surpreso” com as informações apresentadas pela comissão. Disse ainda que iria “torcer” para a anulação das demissões no TRT.

O sindicato considerou positivo o encontro, que deu destaque nacional à luta dos trabalhadores da Embraer. “Consideramos que o encontro foi positivo, mas Lula pode fazer muito mais do que torcer. Ele tem o poder para barrar as demissões, reduzir a jornada de trabalho e garantir a estabilidade de emprego aos trabalhadores”, afirmou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos e dirigente da Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha.

Só a luta pode anular as demissões
Os trabalhadores, porém, estão tomando a consciência de que nem a Justiça nem o governo, por si só, garantirão a volta ao trabalho dos mais de 4.200 demitidos. Assessores do governo afirmaram à imprensa que, a despeito das declarações de Lula, ele não pretende se envolver no caso. Em entrevista, o presidente da empresa, Frederico Curado, reafirmou que “o governo estava informado de que a Embraer faria o corte”.

Já a Justiça sentiu o peso da pressão popular e das mobilizações da categoria. No dia seguinte à audiência com Lula, a caravana saiu de Brasília com destino a Campinas, aonde seria realizada nova audiência entre trabalhadores e Embraer. A reunião no Tribunal Regional do Trabalho mostrou mais uma vez a intransigência da empresa, que se negou sequer a negociar qualquer coisa que não seja a manutenção das demissões.

Diante da pressão da opinião pública e das mobilizações, o desembargador Luiz Carlos Cândido Martins prorrogou até o dia 13 de fevereiro a liminar que anula as demissões. Nesse dia ocorre nova audiência. “A audiência evidenciou mais uma vez a falta de disposição da Embraer para negociar e de desrespeito com os trabalhadores. Mas a mobilização vai continuar para que esta decisão de suspensão seja confirmada e a reintegração seja determinada imediatamente”, afirma Adilson dos Santos, o Índio, presidente do sindicato.

Mobilização continua
A região já sofre com as demissões na Embraer. As empresas fornecedoras da Embraer já começam a demitir, como a Sobraer, parceira da Embraer e que mandou embora 80 operários no ínicio de março. Já a mobilização continua. Os trabalhadores realizam um ato pela estatização da empresa dia 12, rumo à jornada de luta no dia 1 de abril.

*Com informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP)
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