Greve chega ao 21º dia e pode acabar nesta segundaNo último sábado, 19 de julho, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, e a direção da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) foram obrigados a receber o Comando Nacional da Fentect. Isso aconteceu após 19 dias de greve.

Depois de oito horas de reunião, a empresa, através do ministro, apresentou uma contraproposta. A mesma será enviada para as assembléias desta segunda-feira, 21, em todo o país. Se aprovada, deverá ser homologada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Os trabalhadores têm se manifestado, por telefone e e-mail, favoráveis à aprovação da proposta. Os 30% referentes a aditivo de periculosidade, uma das principais reivindicações, serão incorporados de forma definitiva ao salário base de cada trabalhador, retroativos a junho deste ano. A ECT garantiu, ainda, que nenhum trabalhador será punido pela greve. As horas paradas serão compensadas e pagas pela empresa.

A greve
A greve começou no dia 1° de julho. O principal motivo que levou os trabalhadores a parar foi o não-cumprimento do acordo da última greve por parte do governo Lula e da Empresa Brasileira de correios e Telégrafos (ECT). A empresa vinha adiando o pagamento do adicional de periculosidade aos carteiros.

Além disso, a greve também foi uma reação dos trabalhadores aos constantes ataques que vêm sofrendo. A ECT pretendia implementar um Plano de Cargos, Carreira e Salários (PCCS) que aumentaria a exploração dos ecetistas e impediria a progressão funcional. Também aumentaram as ameaças de demissões.

O movimento surpreendeu pela sua força e pela adesão da categoria. No segundo dia de greve, já haviam aderido 23 estados e o Distrito Federal. Em meio à greve, uma delegação participou do 1º Congresso da Conlutas.

Os trabalhadores resistiram a ameaças de corte de ponto. Eles foram até Brasília para exigir de Lula o cumprimento dos acordos.

Um cenário de lutas
A greve dos Correios acontece num momento em que trabalhadores se levantam contra a superexploração em diversas partes do Brasil. Em São José dos Campos (SP), recentemente, os trabalhadores da General Motors derrotaram o banco de horas.

Seguindo esse exemplo, os metalúrgicos da Volkswagen de São Bernardo do Campo (SP), que já trabalhavam com de banco de horas, aprovaram, em assembléia, o fim desse mecanismo. Em Congonhas (MG), a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), na mina Casa de Pedra, foi obrigada a retirar a proposta do banco de horas e melhorar o Acordo Coletivo da categoria após paralisação e ameaça de greve dos operários.

Neste momento, os operários das obras de ampliação da Refinaria Henrique Lage (Revap) de São José dos Campos travam uma dura batalha contra cerca de 350 demissões. Após uma greve de 31 dias, consórcio responsável pelas obras demitiu toda a comissão de negociação da greve entre outras centenas de trabalhadores.

As mobilizações são uma resposta aos ataques cada vez mais fortes dos governos e dos patrões. Da mesma forma, é uma resposta à alta da inflação e dos alimentos que defasa os salários.