Greve completa uma semana, contra os ataques do governo PSDB-PFL. Próxima assembléia ocorre na sexta, dia 7Os trabalhadores da Educação do município de São Paulo estão em greve desde o dia 28 de março. Esta é uma das maiores vitórias deste movimento, pois a greve vem se mantendo à revelia da direção majoritária do sindicato. A direção cutista tem sido derrotada em sua nova missão: deter as lutas. As manobras não são poucas, e a ausência de infra-estrutura do sindicato para apoiar os comandos de greve, formados por ativistas organizados e independentes, é uma das muitas provas de traição.
A principal reivindicação do movimento grevista é o fim do projeto “São Paulo é uma escola”, que se constitui na mais absoluta farsa de uma dita escola integral. O prefeito José Serra (PSDB) retirou da grade curricular – indo contra a decisão dos conselhos escolares que, em tese, têm autonomia diante da administração -, as disciplinas de informática, sala de leitura e educação física e as inseriu em outros períodos. O resultado imediato foi o aumento do barulho durante os períodos, já que além dos habituais 800 alunos, em média por turno, há mais 250 circulando. Não há espaço adequado e suficiente e há crianças e jovens se deslocando para escola até três vezes ao dia, sem transporte nem segurança. Por isso mesmo, os pais estão apoiando a greve. Para completar a situação, faltam funcionários: auxiliares de período, agentes escolares, coordenadores pedagógicos, professores, merendeiras e faxineiros.
Privatização acelerada
Da aparência do projeto à essência está o rápido andamento da privatização da Educação, explicitado através do repasse de R$ 1 milhão por mês para universidades privadas que “sublocam” estagiários com “bolsas” de R$ 300 mensais; a entrada nas escolas de organizações não-governamentais (ONG´s) que “contratam” oficineiros sem direitos trabalhistas; a terceirização do quadro de apoio. Vale exemplificar. A empresa Paulista Serviços recebe R$ 1.500 da Prefeitura por funcionário, mas este por sua vez recebe da Paulista Serviços apenas R$ 380; um salário ainda menor que o do trabalhador concursado. Esta informação é oriunda de profissionais internos à administração. Em suma, Serra enche os cofres das empresas privadas enquanto sucateia o salário de concursados e terceirizados, beneficiando seus comparsas “qualificados” e “pisando no acelerador” que desvia dinheiro público para a iniciativa privada.
Mas isto não é tudo. Pouco antes de abandonar a Prefeitura, entregando-o ao pefelista Gilberto Kassab, José Serra tentou desmantelar a greve testando mais um elemento de desmonte da educação pública; liberou as direções escolares para contratarem em caráter temporário, no máximo 12 meses, professores adjuntos de 51ª a 8ª séries. Este tipo de emprego significa privatização e forma um cabide de emprego, pois a direção da escola selecionará diretamente as pessoas, possivelmente descartando lutadores quando lhe convier. Serra começa a implementar a reforma Trabalhista se antecipando a Lula.
A direção majoritária do Sinpeem, que tenta frear as lutas, vem sentindo os revezes de sua política. Nas três últimas assembléias – 28 de março, 31 de março e 4 de abril – foi derrotada pela radicalização da base da categoria que sente na pele toda a precarização das condições de trabalho. A assembléia do dia 4 de abril é emblemática e mostrou o que vem ocorrendo nas demais regiões do país; os sindicatos vinculados à CUT têm uma política de inibir as lutas, contribuindo com a patronal, seja ela pública ou privada. Daí a importância de construir a Coordenação Nacional de Lutas, a Conlutas. Atualmente, o Sinpeem repassa R$ 40 mil por mês para a CUT.
Os 75 mil trabalhadores da educação também estão pleiteando reajuste salarial, extensão e manutenção do plano de carreira a todos os trabalhadores, fim da terceirização do quadro de apoio (merendeiras, faxineiros, agentes escolares), saída imediata das ONG´s das escolas e abertura de concursos para todos os cargos. A próxima assembléia acontecerá na sexta-feira, dia 7 de abril, às 14h, no vão do Masp.