Foto Sintepp/Barcarena

Uma cidade média que compõe a floresta amazônica, cerca de 110 mil habitantes, passa pela segunda greve das trabalhadoras da educação em menos de um ano, sendo que em 2013 foram três meses de paralisação. Uma categoria composta por 90% de mulheres, sendo 70% na diretoria do SINTEPP (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Pública do Pará). Esse município é marcado pela presença de mineradoras de alumínio e pelo descaso com a educação. Essa cidade paraense é Barcarena.

Terceiro lugar no PIB do Estado do Pará, detentor de uma das melhores rendas per capitas da região norte brasileira ( R$ 35.639,66 em 2011) e grande exportador de alumínio, em contrapartida o município de Barcarena tem uma péssima distribuição de renda, alta mortalidade infantil, 80% dos domicílios não possuem água encanada e poucos investimentos nas áreas sociais. Por exemplo, hoje é destinado somente 20,8% da arrecadação municipal à educação.

As escolas estão jogadas às traças, merendas estragadas sendo servidas; falta de ventiladores; telhado com goteira; madeira podre; falta d’água e com água contaminada por caramujo e com alto teor de coliformes fecais; fossas e esgotos a céu aberto, muitas moscas; salários defasados e carreira desmantelada”, reclama Jaciara, militante do PSTU e coordenadora do SINTEPP Barcarena.

Na busca de uma solução, o SINTEPP, subsede de Barcarena, desde 2013, trava uma guerra com o governo do prefeito Antônio Carlos Vilaça (PSC-PT-PCdoB e PR). “As trabalhadoras em educação exigiam, entre outros pontos de pauta, eleições diretas para direção de escola; reforma e ampliação das escolas; implantar a lei do piso e a jornada de 1/3 de hora-atividade; investir 25 a 30% da arrecadação municipal para a educação pública, já!”, disse Vera Campos, militante do PSTU e coordenadora do SINTEPP Barcarena.

Essa luta levou a uma histórica greve de 92 dias em 2013, culminando com um acordo assinado pela Prefeitura e a Câmara Legislativa junto ao SINTEPP, sendo reforçado por uma sentença do Tribunal de Justiça do Estado do Pará.

O ano de 2014 começa com o governo Vilaça não cumprindo o acordo firmado e desrespeitando a sentença. Tudo isso somado a um novo ataque: o decreto de “Lotação”, 03/2014, que gera um contingente de professores e servidores excedentes, porque diminui o número de turmas nas escolas, diminui a quantidade de projetos escolares e aumenta mais ainda a superlotação de alunos por sala.

Diante desse cenário calamitoso, a greve acabou sendo retomada no dia 19 de março com adição de atos tradicionais na categoria, como a paralisação da ponte que liga à balsa do porto de Arapari, local este de grande importância em virtude do fluxo de trabalhadores das mineradoras Alunorte e Albras no rio Guajará – uma das veias da floresta amazônica que liga Barcarena à Belém. A greve em Barcarena permanece em virtude da intransigência do governo Vilaça em não negociar com as grevistas.

Essas importantes guerreiras da região norte do Brasil aprendem e ensinam que a luta das trabalhadoras em educação não pode ter nenhuma confiança no governo ou na justiça. A saída deve ser uma crença inabalável na força das trabalhadoras, ganhando a consciência da classe operária seja da construção civil ou das mineradoras, para um projeto de enfrentamento direto com governos, patrões e pela construção do socialismo.