No campo de petróleo de Carmópolis, situação dos trabalhadores é de semi-escravos. Enquanto a empresa bate recordes de lucros, piso salarial na região é de R$ 375A Petrobras impede que os meios de comunicação local do Estado de Sergipe divulguem o que está acontecendo no campo de petróleo de Carmópolis, um dos maiores campos de petróleo terrestre das bacias sedimentares brasileiras. A sede principal do campo de petróleo de Carmópolis está localizada na cidade de mesmo nome. É uma cidade de miseráveis cuja prefeitura recebe mensalmente R$ 600 mil de royalties e a comunidade não sabe para onde esse dinheiro vai. A cidade é tão miserável que a prostituição pode ser vista logo na entrada. Ou seja, Carmópolis possui, desde 1963, enorme riqueza embaixo dela, mas grande pobreza em cima.

Os royalties são pagos pela Petrobras para as prefeituras do Vale do Cotinguiba como forma de amenizar os inevitáveis estragos ambientais e sociais feitos pela exploração e extração de petróleo, o mesmo arrasamento ambiental e social que a transnacional Petrobras tem feito no Equador. Todavia, essas comunidades vivem numa condição de miséria absoluta e os royalties não serve absolutamente para nada.

A auto-suficiência de petróleo, alardeada pela Petrobras, é garantida por milhares de trabalhadores petroleiros terceirizados submetidos a uma condição de quase escravos e usados pelos atravessadores de mão-de-obra para reduzir os custos da Petrobras. Ou seja, a auto-suficiência não tem servido para resolver os problemas que impossibilitam a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores, nem tampouco tem servido para acabar com a miséria do povo brasileiro. A auto-suficiência serva apenas para bem remunerar os acionistas estrangeiros da Petrobras e garantir superávit para o governo Lula continuar pagando juros e serviços da dívida externa.

Das unidades de negócio da Petrobras espalhadas pelas diversas bacias sedimentares produtoras de petróleo, a de Sergipe e Alagoas é a que tem o menor piso salarial pago aos terceirizados da Petrobras, aproximadamente um terço do piso pago em São Mateus, no Espírito Santo. Isto porque as Unidades de Negócio da Petrobras disputam entre si o melhor resultado financeiro a cada período e a que produz menos petróleo tem que superexplorar mais os terceirizados. É uma desumanidade. R$ 375 é o piso salarial de trabalhadores que garantem a auto-suficiência de petróleo para a Petrobras, além da estratosférica lucratividade da Petrobras.

Greves contra semi-escravidão
Submetidos a um piso salarial extremamente rebaixado, os petroleiros terceirizados constataram que mesmo um reajuste de 100% não solucionaria o problema. Então, a luta hoje é pela unificação dos pisos salariais das diversas unidades de negócio da Petrobras, que hoje são definidos pela Petrobras com base na produção de petróleo.

Por outro lado e usando de todas as táticas, a Petrobras e suas empreiteiras tentam impossibilitar que os trabalhadores petroleiros terceirizados da Petrobras sejam legitimamente e de fato representados pelo Sindipetro AL/SE. A Petrobras busca impedir que a luta pela unificação dos pisos salariais tome corpo. Os pisos salariais diferenciados são impostos apenas para os terceirizados, que são mais de 200 mil trabalhadores da Petrobras, somados aos cerca de 42 mil trabalhadores próprios da empresa (antigos e novos). Na verdade, a unificação dos pisos salariais não agrada aos gerentes de contratos da Petrobras, preferindo manter os terceirizados como quase escravos.

A representatividade garante o assento dos terceirizados nas Negociações na Comissão de Terceirização da Petrobras que é garantida pela clausula 126 do Acordo Coletivo de Trabalho. Essa Comissão de Terceirização da Petrobras é constituida pelo Sindipetro AL/SE, Assessoria Jurídica da Petrobras e Gerência Geral de Contratos da Petrobras. É nessa Comissão que deve ocorrer o debate da unificação dos diferentes pisos salariais.

A fim de tentar impossibilitar a luta dos terceirizados pela conquista da carta alforria (a representatividade do Sindipetro AL/SE), a Petrobras se juntou definitivamente com as duas empreiteiras (Norserge e Rondave) para
tentar derrotar os trabalhadores petroleiros terceirizados da Petrobras que têm suas carteiras de trabalho assinadas pela Norserge e Rondave.

Nesta quinta-feira, 1º de junho de 2006, quando completa o 16º dia da greve dos trabalhadores petroleiros terceirizados da Petrobras no campo de petróleo de Carmópolis vai haver uma reunião da Comissão de Terceirização da Petrobras às 9 horas da manhã. Neste dia, também deve ter início a greve dos trabalhadores terceirizados da Fafen – Sergipe que têm suas carteiras de trabalho assinadas pela Montec. A tendência das mobilizações dos terceirizados em Sergipe é crescer, pois os trabalhadores cansaram de serem escravos da Petrobras.