PSTU-SP
PSTU – Jaú (SP)
Primeiro, prestamos nossa total solidariedade à população trabalhadora atingida neste momento pelas enchentes em Jaú e nas demais cidades paulistas. Abaixo seguem os postos de arrecadação e nos colocamos a disposição para transportar doações e também acolher e cercar de solidariedade os pedidos de ajuda.
Assim como temos vivenciado em diversos pontos do país, a região de Jaú, no interior de São Paulo, sofreu ontem (dia 30) a pior enchente das últimas décadas, com ruas alagadas, casas cobertas até o teto e centenas de famílias desabrigadas. Notícias ainda não oficiais apontam para duas vítimas fatais e outras pessoas desaparecidas.
As chuvas – que provocaram o transbordamento do Rio Jaú ainda no início da manhã e fizeram com que em alguns pontos a água chegasse a dois metros de altura, no início da noite – voltaram a se avolumar e a previsão é que persistam até amanhã (dia 1º). A prefeitura decretou situação de emergência.
Para garantir o socorro às famílias que ficaram ilhadas, circularam pelas redes sociais pedidos de voluntários com barcos, sob o argumento de que o poder público não dispunha de equipamentos suficientes e adequados para os resgates. Há também a informação de que a draga para desassorear o rio encontra-se inativa há cerca de três anos.
Infelizmente circula na redes sociais o vídeo de uma jet-ski que tombou na enchente, enquanto fazia o resgate de uma família.
Reflexos na saúde, no controle da pandemia e abastecimento de água
Com a inundação, pelo menos duas unidades de saúde ficarão fechadas sendo que as atividades do Posto de Testagem para Covid-19, aberto devido ao aumento acelerado da contaminação na cidade, estarão suspensas prejudicando o atendimento da demanda da pandemia que se encontra em uma fase crítica também de internações e mortes.
A enchente prejudicou a captação de água acarretando o desabastecimento em diversos bairros da cidade. A empresa que detém a concessão do serviço de água e esgoto do município desde 2013 informou que não tem previsão para regularização do fornecimento. A ARTESP também informou a interdição de duas vias na região pelo risco de desmoronamento de talude, sendo trechos próximos a Barra Bonita e Boracéia.
Solidariedade de classe
Ainda na manhã de ontem, a própria população, movida pela consciência de cada trabalhadora e trabalhador que sabe o quanto custa sustentar sua casa e de repente perder boa parte de seu trabalho desta forma, começou a organizar postos de arrecadação de alimentos, móveis e comida para as famílias que iam sendo resgatadas.
Neste momento diversas unidades escolares da cidade estão sendo utilizadas como ponto de apoio e por este motivo as atividades de hoje foram suspensas.
Veja abaixo os pontos de arrecadação. Nos dispomos a ajudar na coleta de doações de quem não tem como levar e também buscar ajuda para quem entrar em contato. Doe alimentos, produtos de higiene, cobertores, colchões, móveis, roupas, fraldas, …
– Paróquia Santo Antônio: Rua Gomes Botão, 441, Jardim Santo Antônio. Contato: (14) 4103-5000
– Paróquia São Sebastião: Rua Edgar Ferraz, s/n (ao lado da paróquia São Sebastião)
– Comunidade Ventos do Avivamento: Rua Amaral Gurgel, 1101 e na Av. João Francheschi, 2225
– Igreja Presbiteriana Jaú: Rua Quintino Bocaíuva, 357
– Paróquia Divino Espírito Santo: Rua Elias Bichara Tabbal, 788
– Elu’s Semijoias: Rua Tenente Navarro, 577
– Paróquia Nossa Senhora Aparecida: Rua Vinte e Quatro de Maio, Vila Nova Jaú
– Paróquia São Judas Tadeu: Avenida do Café, 1298
– Capela São Miguel Arcanjo: Rua Narciso Baldini, Jardim Bela Vista
– Pilier Arquitetura: Rua Tenente Navarro, 212
– Quintal da Leli: Rua Francisco Carvalhaes de Paiva, 58, próximo ao Cano Torto
– FATEC JAHU: Rua Frei Galvão, S/N, Jd. Pedro Ometto. Contato: (14) 3622-8280
– Escola CAIC: Av Gustavo Chiozzi, 495
– EMEF Vereador (Distrito de Potunduva): Rua Alice Apolonio Arroyo, S/N
O capitalismo e a destruição ambiental
Esta tragédia não é simples resultado de fenômenos naturais, mas também de todo o histórico de abandono dos governos e a completa incapacidade do capitalismo de nos garantir o mínimo de proteção diante de sua exploração predatória. Da mesma forma como pandemias, a exemplo como a Covid-19, têm relação direta com a destruição dos ecossistemas naturais pelo capitalismo.
Todos sabem das chuvas cada vez mais intensas no verão, os institutos de pesquisa não cansam de alertar para as consequências da destruição do meio ambiente, da mineração descontrolada, das queimadas e destruição das florestas e as áreas de cheia são conhecidas há décadas. Mas por que estas tragédias continuam atingindo a nossa população?
A resposta não é simplesmente a fúria incontrolável da natureza, mas a total falta de planejamento, fiscalização e medidas concretas para evitar este terror. Nada é feito para resolver a situação. Pelo contrário: todas as medidas vão no sentido de garantir o lucro de favorecidos privados como empresas de água ou de asfalto, construtoras, acionistas, especuladores imobiliários e, na outra ponta, aprofundar a desgraça dos mais pobres.
Por isso, para além da solidariedade e da busca de soluções imediatas e necessárias, é preciso entender que para frear esse colapso ambiental e acabar com todas as formas de exploração e opressão, precisamos superar esta sociedade onde o lucro de poucos está acima da vida de toda a classe trabalhadora e construir com nossas próprias mãos uma sociedade onde as riquezas naturais que possuímos e tudo que produzimos sejam socializadas para garantir as necessidades humanas e a sobrevivência e bem estar de todos e todas, inclusive do nosso planeta.
É preciso construir outro sistema social, o socialismo. Uma sociedade governada pela classe trabalhadora, através de suas organizações e conselhos populares, onde de fato a maioria possa decidir o que e como fazer com tudo o que o nosso país tem e produz.
Plano emergencial em atenção às vitimas
– Solidariedade aos atingidos pelas enchentes e às suas famílias, com indenização do Estado e do município às vítimas e aos seus parentes (em caso de morte);
– Isenção de IPTU, água, luz e reposição de todos os pertences levados pela chuva;
– Garantia de casa para as famílias desabrigadas e todas aquelas que estão em áreas de risco, a partir da entrega de moradias gratuitas, através da desapropriação pelo governo, sem indenização, dos imóveis vagos controlados pelos especuladores;
– Implementação total do orçamento destinado à drenagem dos rios e canalização dos córregos, bem como manutenção do equipamento necessário;
– Plano de obras públicas para manutenção e construções dos piscinões, com contratação de desempregados e sob o controle da população;
– Fiscalização e punição de todas as empresas que depositam lixo nos córregos e rios ou degradam o meio ambiente, com responsabilização pela preservação ambiental;
– Cobrança das dívidas fiscais e tributárias dos grandes e favorecidos empresários com reversão do dinheiro para o combate às enchentes e construção de moradias populares.
