CSP-Conlutas e Solidaires da França, entre outros setores, impulsionam encontro nos dias 22, 23 e 24 de março
Os trabalhadores e a juventude em todo o mundo lutam e resistem contra os efeitos da crise econômica internacional. Na Europa, atual epicentro da crise e dos ataques, expressos nos planos de corte e austeridade impostos pela troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), os trabalhadores protagonizam grandes enfrentamentos.
Nessa resistência, a luta também se internacionaliza. No dia 14 de novembro, em um feito inédito, uma jornada de lutas contra a política de cortes e austeridade reuniu 23 países do velho continente. Na África do Sul, operários da mina de Marikana comoveram o mundo ao enfrentarem uma dura repressão, que assassinou 34 operários. A Primavera Árabe, no Norte da África, também é expressão desse processo.
Muitas dessas mobilizações atropelam as direções burocráticas tradicionais do movimento de massas, que não conseguem mais cumprir seu tradicional papel de dique das lutas. Em várias partes do planeta, em maior ou menor grau, ocorre um rico processo de reorganização, no qual as entidades de base, independentes e de luta se fortalecem e desenvolvem importantes mobilizações, por fora das entidades burocráticas. Portugal, Itália e Espanha são países em que esse processo aparece de forma mais destacada. Até na China se avançou na construção de um sindicalismo independente.
Para impulsionar a organização independente dos trabalhadores e aprofundar a troca de experiências de diferentes países, a CSP-Conlutas e a central Solidaires, da França, junto a outras entidades, estão impulsionando um Encontro Sindical Internacional para os próximos dias 22, 23 e 24 de março, em Paris, cujo objetivo é o de justamente aglutinar entidades combativas de vários países a fim de avançar na resistência aos ataques. O critério de participação é justamente esse: apostar na luta independente dos patrões e do governo e funcionar com base na democracia operária.
Muitas vozes, uma só luta
O primeiro chamado para o Encontro Internacional do Sindicalismo Alternativo surgiu em uma reunião realizada entre as organizações presentes no Congresso do Solidaires, na França, em junho de 2011, no qual a CSP-Conlutas participou.
Em maio de 2012, logo após o Congresso da CSP-Conlutas, uma reunião envolvendo cerca de 20 entidades de vários países aprovou um manifesto de convocação do encontro no qual foram lançadas as bases para a sua realização e seus objetivos. “Construir um pólo que busque aglutinar os setores do movimento sindical, popular, da juventude, independentes e alternativos que enfrentem os ataques do Capital em todas as suas formas e não aceitem a lógica de conciliação das direções burocráticas tradicionais”, assinalava o documento.
De lá para cá, várias reuniões internacionais avançaram na organização e convocação da reunião. Segundo Dirceu Travesso, o Didi, da Executiva Nacional da CSP-Conlutas, “podemos reunir uma representação de mais de 30 países das Américas, Europa, Norte e Sul da África e da Ásia”. Segundo o dirigente, embora as organizações sejam minoritárias em seus países, não são marginais e representam processos reais de luta que se desenvolvem em diferentes partes do mundo.
“Precisamos de um encontro que se reúna já em base a resultados que apontem de maneira clara que queremos construir uma rede para a luta e resistência, além dos debates e trocas de experiências, que possam fortalecer a unidade internacional e as organizações e lutas de resistência em cada país”, comentou Didi.
Uma pequena mostra das enormes possibilidades que esse encontro pode apontar é o dia de ação global contra os ataques na GM que estava prestes a ocorrer enquanto fechávamos essa edição. Trabalhadores da Alemanha, Estados Unidos, Estado Espanhol, Colômbia, França, Argentina e Itália preparavam protestos contra os ataques da montadora para o dia 23 de janeiro (veja as páginas centrais).
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