Greve já é a mais radicalizada desde 2003
Diego Cruz

Fórum Nacional das Entidades convocou nova jornada de lutas em Brasília de 13 a 17 de agosto; no dia 9 tem nova rodada de manifestações nos estadosA greve do funcionalismo federal completa dois meses nesta semana – 87 dias no caso dos professores das universidades. Excetuando a carreira docente, os demais setores não receberam nenhuma proposta, porém o governo ataca o movimento com várias medidas de repressão: corte de ponto, desconto nos salários e decretos de substituição de grevistas.

Mobilização constante e radicalização
Apesar da truculência do governo, as medidas repressoras não conseguem dobrar o movimento, que continua forte e consegue ainda mais adesões. Na semana passada, os técnicos administrativos da Polícia Federal aderiram à greve e nesta semana entraram os funcionários da Fundação Oswaldo Cruz e os fiscais agropecuários federais. No mesmo sentido, mais e mais ações são promovidas a cada semana, colocando o movimento na mídia e demonstrando toda sua capacidade de unificação e radicalização.

Depois de uma grande e vitoriosa semana de lutas realizada no período de 16 a 20 de julho, quando, pela primeira vez na história, um setor do movimento social conseguiu bloquear e fechar totalmente o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, os servidores federais voltaram às ruas novamente no dia 31 de agosto realizando fortes ações públicas nas principais capitais do país. Podemos afirmar que as mobilizações do dia 31 reuniram pelo menos 20 mil pessoas, entre servidores, estudantes e outros setores da classe que foram levar apoio às atividades. Sem sombra de dúvida, é a maior e mais radicalizada greve já feita no setor público federal, desde o ano de 2003.

Queda de braço contra o plano econômico de Dilma-PT
Essa greve, muito mais que uma campanha por reivindicações salariais de uma categoria, é um duro enfrentamento entre um segmento da classe trabalhadora e o governo de Dilma Rousseff (PT). Não há dúvida de que essa é uma luta contra o próprio plano econômico do governo, que segue duro e se recusa em ceder às reivindicações dos servidores federais. Ao mesmo tempo, a unidade e extensão da greve e os métodos radicalizados adotados durante as ações que são realizadas todas as semanas, mostram que os servidores têm muito clareza das dimensões desse embate.

O governo Dilma se baseia em dois elementos centrais para sua intransigência. Um deles é reconhecer que há uma forte crise econômica internacional, que vai se refletir no Brasil, por isso é necessário impor o controle fiscal e limitar os gastos. Apesar disso, continua concedendo isenções fiscais para as grandes empresas com a suspensão do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e revertendo quase 50% do PIB para o pagamento de juros das dívidas públicas. Ou seja, quer jogar nas costas dos servidores públicos a prevenção da crise.

A outra justificativa, tão absurda quanto a primeira, é de que não há defasagem nos salários, porque, segundo o governo, nos dois mandatos de Lula houve concessões com aumento real nos salários do funcionalismo federal. Ou seja, os representantes do MPOG mantiveram o discurso e os argumentos que vêm apresentando desde 2011, para rejeitar quaisquer concessões salariais e impor um arrocho inaceitável à classe.

15 de Agosto: Ocupar Brasília novamente
O Fórum Nacional das Entidades aprovou para essa semana uma nova rodada de manifestações nos estados neste dia 9 de agosto, com o mesmo caráter das atividades do dia 31. Também indicou a organização de um novo acampamento dos servidores em Brasília na semana de 13 a 17 de agosto e a realização de uma Marcha Nacional para o dia 15 (quarta-feira). Esse novo calendário é uma resposta ao governo pelo adiamento do anúncio da previsão orçamentária com despesas de pessoal para a Lei de Orçamento Anual (LOA), que deveria ter acontecido em 31 de julho, mas foi adiado para o período de 13 a 17 de agosto.

O tema dessa nova manifestação segue sendo “Chega de enrolação. Negocia, Dilma”! O PSTU apóia a greve dos servidores federais e colocará sua militância a serviço da construção dessa nova manifestação nacional em Brasília. É necessário e urgente garantir a solidariedade de outras categorias aos servidores federais neste dia de luta, mas também em todos os momentos da greve, e exigir que o governo federal abra as negociações e atenda as reivindicações da categoria.

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