A greve dos servidores de Maringá, a terceira maior cidade do Estado do Paraná, está derrubando muitos mitos que ocultavam a verdadeira realidade dos trabalhadores e da atual administração da cidade. Na cidade eleita a menos violenta do país, os servidores municipais estão sendo duramente perseguidos, intimidados e ameaçados pelo atual prefeito, Silvio Barros, do PP. Elogiada por sua vasta arborização urbana, a cidade respira hoje o mau cheiro exalado pelas mais de 4.500 toneladas de lixo acumuladas há pelo menos 17 dias, período da maior greve na história dos servidores de Maringá.
Pequena pauta, grande disposição de luta
A pauta de reivindicações dos servidores não é grande. São essencialmente quatro pontos: pagamento da reposição salarial de 16,67%; regulamentação do Plano de Carreira, Cargos e Salários; pagamento da Progressão Funcional; fim das perseguições. Diante disso, o prefeito ofereceu uma reposição de 4,53%, alegando que não poderia oferecer mais em respeito a Lei de Responsabilidade Fiscal.
No dia 3 de junho, com a presença de mais de 1.500 servidores, a proposta do prefeito foi categoricamente rejeitada. A greve foi iniciada no dia 5, com uma assembléia com a presença de mais de 2.500 servidores, que marcharam em seguida pelas ruas da cidade, mantendo esse ritmo de mobilização até agora.
Num universo de cerca de 7 mil funcionários, a paralisação no primeiro dia de greve atingiu cerca de 70% da categoria. Nos primeiros dias foram realizados piquetes em quase todos os setores da prefeitura. A greve foi registrada pela imprensa do estado. Várias entidades do país e do exterior manifestaram sua solidariedade. Muitos trabalhadores municipais de cidades próximas já estão cobrando de suas direções para que façam “como o pessoal de Maringá”.
Uma nova direção, uma nova cultura
A greve dos servidores municipais de Maringá, por sua extensão e radicalização, marca um antes e um depois na experiência de luta da categoria. Um dos grandes desafios da atual direção do SISMMAR – Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá – é criar uma nova cultura de luta entre a categoria.
As heranças deixadas pelo PT e pela CUT em 17 anos à frente do sindicato precisam ser rompidas. Todo esforço da atual direção consiste em colocar a serviço da luta todas as entidades que apóiam o movimento. Aproximar, unificar e coordenar as lutas em curso é a tarefa que a nova direção da entidade tem por diante.
Pelo nível de radicalização, a CUT não conseguiu desmobilizar a greve, mas também não ofereceu nenhum apoio efetivo. Os movimentos e sindicatos ligados à Conlutas, ao contrário, estão cumprindo um excepcional papel na construção da greve. Caso a greve saia vitoriosa, a Conlutas terá um ponto de referência importante na construção dessa nova entidade no Estado.
A greve continua
Passados 17 dias de greve, o nível de mobilização dos servidores é mais forte que nunca. Pelo menos 1.600 servidores participaram da última assembléia, que deliberou pela manutenção da greve. A prefeitura, para atenuar a situação caótica que se encontra a cidade, está tentando colocar caminhões de empresas privadas para coletar o lixo. Estes caminhões estão sendo escoltados por capangas armados que andam de motos, intimidando os servidores que se aproximam. Quatro servidores já foram espancados por seguranças privados, um foi atropelado por um fura-greve e dois escaparam por pouco. O responsável por tudo é o prefeito.
Apesar das ameaças, a greve não vai parar. Pedimos a todas as organizações, entidades e movimentos sociais que se manifestem em repúdio a esses ataques e enviem sua solidariedade aos servidores pelo e-mail: [email protected]