PSTU – Rio de Janeiro

Está colocada a possibilidade de que o governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), sofra um processo de impeachment e termine sua carreira política como a de seus antecessores — na cadeia. Pego na Operação Placebo, da Polícia Federal, o governador e secretários estão investigados por terem cometido diversas irregularidades, ilegalidades e desvios de recursos da saúde em plena pandemia. Por esta razão, o governador teve na última quarta-feira, 10/06, uma fragorosa derrota quando ocorreu uma votação simbólica na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) com o placar de 69 dos 70 deputados votando pela abertura do processo de seu impeachment.

Witzel se elegeu com o apoio e na onda bolsonarista em 2018, mas se afastou de Bolsonaro quando este viu sua popularidade cair. Mas nós não esquecemos, Witzel é aquele governador que tem defendido o uso de snipers (atiradores de elite) contra supostos criminosos, e que também propôs lançar mísseis em favelas e participou de um voo de helicóptero da polícia quando se metralhou alvos em comunidades. Além disto, estimulou o lançamento de granadas por estes helicópteros contra as favelas.

Em seu governo, os índices de assassinatos cometidos pela polícia bateu recordes segundo dados do Instituto de Segurança Pública (ISP-RJ). Centenas de pessoas, entre elas crianças e adolescentes, em sua maioria negra, foram assassinadas brutalmente pelo estado sem terem quaisquer antecedentes criminais.

Em um episódio grotesco, o governador, para se associar diretamente às execuções dos supostos criminosos, saiu aos pulos de um helicóptero na ponte Rio-Niterói comemorando a morte de um jovem com problemas mentais que havia praticado um sequestro em um ônibus.

Wilson Witzel comemora a morte de um criminoso por um sniper ao desembarcar de um helicóptero na Ponte Rio-Niterói, 2019, no Rio de Janeiro.

Witzel vem tentando se vincular aos ataques aos direitos do funcionalismo público estadual desde o início de seu mandato. Recentemente, em plena rusga com Bolsonaro, se declarou favorável ao congelamento dos salários do funcionalismo por dois anos. No início da pandemia, propôs seguir no processo de privatização da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e tem insistido na venda da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae), cuja sua política tem sido a de sucateamento.

Na pandemia, além de desviar e roubar os recursos da saúde, agora, Witzel está operando para acabar com a quarentena parcial que se fez no estado. Ele encaminhou a reabertura do comércio exatamente no período em que o estado registra os maiores índices de óbitos e casos.

Durante seu primeiro ano de governo, usou e abusou da Polícia Militar nos atos e manifestações. Atacou, sem nenhuma justificativa, os trabalhadores e estudantes que protestavam pacificamente. Por todas estas razões, nós não temos dúvidas — Wilson Witzel tem que cair.

Outra coisa, é que não confiamos nada, nem por um segundo, nesta Assembleia Legislativa Estadual cheia de ladrões e corruptos de toda espécie, que são da mesma bagatela que o governador. Esta instituição, historicamente, se prestou ao serviço de atacar os direitos da classe trabalhadora do estado. E, durante a pandemia, não tem sido diferente. Não descartamos que haja uma troca de favores entre os deputados e o palácio da Guanabara, sede do governo, que pode conduzir este processo a terminar em mais uma pizza, como já vimos tantas outras vezes.

O atual presidente da Alerj, André Ceciliano, deputado do PT, tem sido até aqui o mais fiel defensor do governador, a ponto de receber dele elogios pela sua cooperação. A votação simbólica da abertura do impeachment, diga-se de passagem, é desnecessária para que o processo seja iniciado. Isto é mais uma tentativa do deputado petista de lavar suas mãos diante do processo de impeachment, cujo encaminhamento só dependia dele.

A quantidade de crimes cometidos por este governador reservará a ele um lugar de honra, ao lado de seus antecessores, em alguma cela prisional de Bangu, ou em outro presídio do estado. Estamos ansiosos para ver o governador com o uniforme desta instituição. Aliás, logo ele que gosta tanto de uniformes.

Por fim, de nossa parte, opinamos que, na medida em que a quarentena não permite um processo de mobilização amplo e, ainda que o impeachment seja um meio limitado para derrubar o governador, o processo pode ser um canal para ajudar na derrocada do governo. Achamos que, junto a Witzel, devem cair também o vice-governador, seus secretários, bem como todos os deputados da Alerj, abrindo caminho para eleições gerais no Rio de Janeiro.