(Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Nota do PSTU-RJ sobre a prisão de Pezão

Após a prisão de dez deputados estaduais do Rio de Janeiro acusados de corrupção, a Polícia Federal prendeu o governador do estado, Luiz Fernando Pezão (MDB) por receber propina milionária, esquema que permanece até os dias de hoje. Pezão é o quarto governador do Rio de Janeiro a ser preso, o primeiro durante mandato. Antes dele foram para a cadeia Cabral e o casal Anthony e Rosa Garotinho. Moreira Franco, ex-governador, também é investigado.

O Tribunal Regional Federal da 2ª Região já havia convertido a prisão temporária para preventiva dos deputados estaduais detidos na operação Furna da Onça após constatarem que os investigados tiveram conhecimento prévio da ação policial e teriam tomado medidas para impedir a coleta de provas.

Permanecem detidos, Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi (MDB), também alvos da Cadeia Velha, e mais seis deputados: André Corrêa (DEM), Chiquinho da Mangueira (PSC), Coronel Jairo (MDB), Luiz Martins (PDT) e Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius “Neskau” (PTB). No caso de Marcelo Simão (PP), os desembargadores decidiram pela proibição de frequentar a Alerj e sair do país, porque não foi apurado conduta que caracterizasse impedimento ou destruição de coleta de provas.

As operações da Lava Jato que apuraram esquemas milionários de corrupção e loteamento de cargos públicos são mais um de inúmeros exemplos de corrupção que assolam o país e, principalmente, o estado do Rio de Janeiro.

Nos últimos anos, o Rio de Janeiro, se transformou em uma versão piorada da calamidade em que os anos de governos do PSDB, PT, PMDB e aliados jogaram o país.

A corrupção ocorrida durante os governos FHC (privatizações, mensalão tucano, reeleição), Lula e Dilma (mensalão e petrolão), Temer (JBL) encontrou um terreno fértil no estado do Rio de Janeiro que, desde a crise do final da década de 70, vive um processo de decadência. Assim, diferentes governos que se sucederam à frente do Palácio da Guanabara realizaram um verdadeiro saque dos cofres estaduais a fim de garantir os lucros de empresários, banqueiros e políticos corruptos que já não contavam mais com a capital federal no estado.

Já desde 1979, no governo Chagas Freitas, o “chaguismo” foi sinônimo utilizar da máquina pública estatal, de fisiologismo. De lá para cá a corrupção não foi menor com nos governos Brizola, Moreira Franco, Marcelo Alencar, Garotinho e Rosinha, estes dois condenados e perderam a elegibilidade por corrupção e compra de votos. O ex-governador Sérgio Cabral já completou um ano na cadeia e soma outros tantos em condenações por propinas.

Assim, ficou nítido que a dramática situação financeira das contas do estado do Rio de Janeiro, onde o desemprego é recorde, os servidores públicos, ativos e aposentados com vencimentos e proventos atrasados e o povo sofre com a violência, não é só fruto de uma política econômica desastrosa, mas do assalto generalizado aos cofres públicos nos mais altos escalões do Executivo e do Legislativo fluminenses que beneficiou empresas com obras superfaturadas e isenções fiscais.

A solução é a organização e mobilização dos trabalhadores

Os escândalos de corrupção nos governos contrastam com a solidariedade e generosidade demonstrada pelos trabalhadores e o povo com a tragédia ocorrida no Morro da Boa Esperança onde morreram 15 pessoas vítimas dos descaso e negligência dos governos municipal e estadual.

Após o deslizamento, em meio ao luto, à dor e jogo de empurra, a solidariedade se fez presente através dos trabalhadores e do povo. A quantidade de doações ultrapassou as expectativas e o número de voluntários emocionou. A Escola Municipal Portugal Neves, onde estão os desabrigados, recebeu 9 toneladas de alimentos e foi preciso pedir para interromper as doações.

Como relataram moradores e especialistas, a Defesa Civil estava ciente da possibilidade de deslizamento, no entanto, nenhuma assistência foi dada para as famílias que estavam em local de risco. Essa é mais uma triste história que se repete devido ao descaso e a negligência das autoridades para com os trabalhadores e o povo pobre, verdadeiros crimes.

Não nos esquecemos das 46 mortes do Morro do Bumba ocorridas há oito anos, que não serviram de lição para os governos e a cidade continua a conviver com moradores em situação de risco. Também lembramos o que aconteceu na Região Serrana do RJ há sete anos, onde houve 918 mortos e cerca de 30 mil desalojados e desabrigados. As cidades mais afetadas foram Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, Bom Jardim, São José do Vale do Rio Preto, Areal e Sumidouro não tiveram alívio e investimentos necessários até agora.

Novo governo, velha política
Não será o novo governo, que se alinha com a velha política, nem tampouco a chapa PT-MDB para a Alerj, que mudarão essa situação até porque muitos dos deputados que compõem esses grupos integram a base de apoio do governo Pezão, anteriormente Cabral, responsáveis pelos maiores escândalos de corrupção no Estado do Rio de Janeiro.

Infelizmente, não são boas as perspectivas em relação ao futuro governo. Vale lembrar que, segundo O Globo, Witzel usou um dos principais operadores do esquema de Sérgio Cabral para se aproximar de políticos do MDB. Por intermédio de Ary Ferreira da Costa Filho, condenado na Lava Jato do Rio, Witzel buscou alavancar sua carreira política em encontros com Sérgio Cabral e Jorge Picciani.

A ligação do novo governo com esse esquema de corrupção ficou explícita no apoio à candidatura do deputado André Corrêa (DEM) para a presidência da Alerj na próxima legislatura. A prisão do deputado inviabilizou sua candidatura e o PSL de Bolsonaro, que o apoiava, convocou reunião extraordinária para rever a posição.

A saída para a situação em que se encontram os trabalhadores, servidores, aposentados, estudantes e o povo pobre é a organização e mobilização a exemplo do apoio e solidariedade no Morro da Boa Esperança. Vamos nos organizar nos bairros, comunidades, locais de trabalho e estudo para lutar em defesa dos nossos interesses.